Por Oliveira Lima
Na possibilidade de paralização do Campeonato Brasileiro ou pelo menos do adiamento dos jogos dos gaúchos até o final de maio, por conta da tragédia que assola o Estado do Rio Grande, vai nos remeter à necessidade de se alterar drasticamente o calendário do futebol brasileiro, disparadamente o mais apertado, insano, desumano e maluco do mundo. Ninguém espera por uma tragédia da natureza, mas não dá pra fazer futebol sem pensar nas enteperes. Não se pode fazer futebol na conta do chá.
Aqui no Brasil, existem os Campeonatos Estaduais, que não servem mais nem como integrantes de uma pré-temporada para os grandes times. Eles já vêm de um calendário estourado do ano anterior,, que come o mês de dezembro, o mês das férias dos jogadores. Efeito é dominó, e as férias atropelam o período da pré-temporada, geralmente comido pela metade. Em 15 dias a preparação para se jogar todo um ano esportivo. Aí vem o vilão: os tais campeonatos estaduais, que atrapalham a vida dos grandes. São três meses para nada, a não ser as crises causadas pela perda de uma competição de valor zero.
Segue o efeito dominó. Se joga o Estadual em três meses e depois em sete, se encavalam os que são mais importantes: Brasileirão, Copa do Brasil e as competições da Conmebol, Sul-americana e Libertadores. Em dez meses de jogo, se joga fora três. Os grandes times querem ganhar tudo, mas não há tempo para tal. Têm que escolher uma grande competição em detrimento das outras duas. Quem vai bem na Libertadores, abandona o Brasileirão e Copa do Brasil, por exemplo.
A situação atual no Sul do Brasil é dramática, é de sobrevivência . O futebol é apenas o futebol, coisa mais importante das menos importantes. Agora é hora de se preocupar com vidas, não com o futebol. Mas é só para lembrar que mesmo no futebol tem que se ter planejamento para o imponderável e o imprevisível. Hoje é impossível o Campeonato Brasileiro acabar neste ano. Sem os Estaduais para os que jogam o Brasileiro, teríamos três meses a mais para o imprevisível. E nem mesmo uma tragédia faz a cartolada brasileira pensar num calendário sadio.