A distância no tempo já não permite lembrar qual era a data ou o jogo, especificamente, mas há a certeza de que a Massa balançava o Mineirão naquele dia de 1969, e havia um motivo extra especial. Hélio Alves Martins era um esperançoso torcedor do Atlético, membro da guarda civil, e entrava no gramado do Gigante da Pampulha com um galo de ferro em escultura com cerca de 12 kg.
O maior símbolo do Clube Atlético Mineiro era erguido para a alegria da torcida e registrada para a posteridade numa bela fotografia. Cena que completa 55 anos com uma história revelada pelo site do Galo. Hélio, hoje aos 88 anos, foi convidado pelo Clube para assistir ao jogo Atlético 1×1 Bahia no último domingo, na Arena MRV.
Encantado com a nova casa alvinegra, ao lado dos filhos Sabrina e Sávio Martins, o aposentado da Polícia Civil revelou o contexto daquela fotografia memorável enquanto acompanhava as emoções do jogo pelo Campeonato Brasileiro:
“Eu tenho essa foto num quadro na minha casa, foi um dia inesquecível”.
“Eu tive a ideia de fazer um galo com a base de ferro. A execução ficou a cargo de dois cunhados do meu irmão que, inclusive, eram cruzeirenses. Eles foram montando a estrutura interna, e fizemos o preenchimento com cimento e papelão, fazendo os moldes do bico até a cauda. A última parte foi a pintura”.
Em 1969, o Mineirão era um estádio ainda com cheiro de novo, com apenas quatro anos desde a inauguração. Abriu uma nova era no futebol mineiro, e os jogos do Galo passaram a ser acompanhados por multidões de 60, 80, 100 mil pessoas nas grandes decisões. A entrada dos jogadores era um evento à parte. E, com a ajuda de Hélio, ficou ainda mais bem ilustrada com o galo de ferro.
O torcedor conseguiu entrar em contato com uma funcionária do clube, que também estava envolvida em torcidas organizadas e conseguiu duas credenciais para Hélio ter acesso ao campo do Mineirão. Ele conta o que aconteceu:
“A ideia era puxar a fila dos jogadores, eu entrei primeiro, para, depois, o time entrar. Mas, eu não aguentei correr com o Galo, e fiquei parado. Foi então que tiraram a foto. O galo fez muito sucesso. Eu colocava ele na minha caminhonete, e andava pela cidade com a escultura”, disse.
O galo de ferro foi emprestado por Hélio ao Atlético, naquela mesma época. Ficou exposto na sede administrativa de Lourdes numa época em que o Atlético planejava a construção da Vila Olímpica (que seria o local de treinamento do time profissional) e do Parque Esportivo Tomaz Naves, com a venda de cotas para os futuros sócios.
A foto tirada em 1969 foi capa de uma das edições da extinta Revista Mineirão, e faz parte do acervo do Galo Digital.
Fotos: Daniela Veiga/Galo