Por Oliveira Lima
A história do atacante cruzeirense, Kaio Jorge, 22 anos, é o típico exemplo dos dois casos de jogador brasileiro no mundo europeu. Vão embora muito cedo e com muita expectativa, sendo para poucos o sucesso e pra muitos a decepção. Adaptação à um mundo completamente diferente é o grande desafio desses jovens atletas. No geral poucos alcançam seus sonhos, a maioria volta, pra literalmente recomeçar.
Kaio Jorge é um desses jovens. Pernambucano de Olinda, teve 12 anos de base no Náutico, Sport e por fim o Santos, onde se mostrou ao mundo em 2019, virando um profissional. Dois anos como atacante do Peixe, comandado pelo argentino Jorge Sampaoli, o levaram à Juventus da Itália, comprado por 3 milhões de euros. Tinha só 19 anos de idade. Treinador juventino Maximiliano Alegre não o aproveitou, mandando-o para o sub -23,onde sofreu uma séria lesão no dia 23 de fevereiro de 2022. Voltou somente um ano meio depois.
Seguiu fora dos planos do time principal para a temporada de 2023 e para ganhar experiência, foi emprestado ao Frosinone, pequeno time italiano, onde fez 22 jogos e marcou 3 gols, não conseguindo evitar o rebaixamento. Em 5 de maio deste ano, Kaio Jorge volta ao Brasil, aos 22 anos, comprado pelo Cruzeiro, pelo valor de 41 milhões de reais, a mais cara contratação do clube.
Veio para recomeçar tudo! Estreou no dia 20 de julho, diante do Palmeiras em São Paulo, sentindo todas as questões de parte física e readaptação ao futebol brasileiro. Em dois anos de Europa ficou um e meio lesionado. Não acertando nada e um Cruzeiro oscilando em 5 rodadas seguidas, perdeu a posição para o recuperado de lesão, o argentino Dinenno. Viu seu companheiro se lesionar novamente e perder a temporada. Ficou como a única opção de centroavante no jogo contra o Atlético Goianiense, agora em 1º de setembro.
E neste jogos, foi do inferno, onde estivera todo este tempo, ao céu, em poucos minutos. No jogo anterior, contra o Internacional, no Mineirão, quando entrou no lugar de Dinenno, lesionado, foi vaiado pela torcida e sua família, num camarote do estádio, brigou com alguns torcedores. Time jogou mal e foi o pior dia da vida de Kaio Jorge. Mas no futebol, assim como na vida, nada melhor que um dia após o outro. Única opção para o ataque, com o time pressionado diante do Dragão de Goiania, Kaio Jorge superou tudo: arrebentou com o jogo diante de 58.232 cruzeirenses. Marcou um belíssimo gol e deu uma belíssima assistência para o gol de Mateus Henrique.
Demostrando muita maturidade e personalidade para um jovem que acaba de completar 22 anos, disse que teve total apoio do técnico Seabra e companheiros, da sua família e principalmente do que ele chamou de “meus torcedores”. Exatamente os torcedores que no jogo anterior o xingaram e brigaram com sua família. Os mesmos torcedores que vaiaram seu nome na escalação e no começo do jogo contra o Atlético-GO
É sempre assim: Bom de bola ele sempre foi! Um ano e meio de lesão em dois anos de Europa e um recomeço geral de volta ao Brasil. É preciso o apaixonado e insano torcedor entender isto, senão perde um baita centroavante.