A Justiça Eleitoral determinou a retirada de propagandas de Bruno Engler (PL) na TV aberta. Nas peças, o deputado diz que Fuad Noman (PSD) descreveu um episódio de estupro coletivo contra uma criança de 12 anos em um livro de ficção chamado “Cobiça”, publicado pelo candidato à reeleição em 2020. O pedido foi feito pela coligação BH Sempre em Frente.
Na decisão, o juiz Adriano Zocche destacou que a campanha de Engler tirou frases da obra de contexto para criar uma narrativa prejudicial a Fuad, violando “o princípio da lisura do pleito, sendo passível de imediata intervenção”.
O conteúdo foi exibido em emissoras de TV, rádio e nas redes sociais ao longo desta semana, incluindo uma propaganda protagonizada pela vice de Engler, Coronel Cláudia Romualdo. “Eu não vou nem ler o que está escrito pois é muito pesado e pode ter crianças ouvindo”, disse ela ao abordar o assunto.
O autor descreveu uma cena em que três homens violentaram e mataram a mãe e a irmã de um dos personagens principais da trama.
“Quando o documento estava pronto, tiraram as roupas das mulheres e começaram a brincadeira macabra. Primeiro as estupraram. Cada hora um subia nas mulheres. A mãe gritava para pouparem a filha […] Eles riram. Quando estavam saciados, começaram a agredi-las. Bateram até que as duas ficassem desacordadas. Queimaram o seio, chutaram a cabeça, quebraram-lhes o nariz. Bateram até deixá-as mortas no chão e saíram felizes com a diversão da noite”, diz um trecho.
Justiça diz que campanha de Bruno Engler tirou obra de contexto
O juiz eleitoral ressaltou que a descrição de um ato trágico em uma obra literária não feita para crianças. E que isso não implica que o autor concorde com o crime.
“O trecho destacado, quando analisado em seu contexto literário, é parte de uma narrativa fictícia que relata a história de uma personagem, evidenciando tragédias e abusos sofridos por ela, sem qualquer apologia ou incentivo a tais atos”.
A decisão do juiz afirma que “a propaganda dá a entender claramente que a descrição de uma cena em livro, a qual retrata fato sabidamente ilícito, criminoso e imoral, implicaria automaticamente em endosso à prática. Isso é descontextualização”, criticou.
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