Um movimento nas redes sociais tem promovido discussões no Congresso sobre propostas para reduzir a carga semanal de trabalho. A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) está coletando assinaturas para apresentar à Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece uma jornada máxima de 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias. A proposta visa eliminar a escala de trabalho de seis dias com um dia de descanso, conhecida como “6×1”. O Ministério do Trabalho comentou que acompanha o debate e vê a redução da jornada como viável, mas defende que mudanças devam ser negociadas em convenções coletivas. Em Minas Gerais, o projeto tem reverberado entre os políticos.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) respondeu nesta segunda-feira a críticas recebidas nas redes sociais sobre a PEC, classificando o texto da proposta como “mal elaborado”. Em um vídeo divulgado, o deputado afirmou que enfrenta um “ataque coordenado” e que não se submeterá às pressões, destacando que outros políticos não teriam sido pressionados da mesma forma. Apesar disso, políticos de diferentes partidos, incluindo o PT, também receberam cobranças sobre o tema. Nikolas Ferreira manifestou oposição à proposta de escala 4×3, alegando que essa medida é “populista” e pode levar a aumentos de preços que afetariam a população de menor renda. Ele argumentou que setores como supermercados e hospitais poderiam enfrentar dificuldades operacionais e elevar custos para se adequar a essa escala.
Em relação aos salários parlamentares, Nikolas afirmou não ter controle sobre o valor de sua remuneração, mencionando a diferença entre o salário de deputados e o de trabalhadores e afirmando que essa diferença não está sob sua responsabilidade.
Em contraste, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos – MG) manifestou apoio à proposta em suas redes sociais, comparando a rotina de trabalho dos parlamentares com a dos trabalhadores em escala 6×1.
Cleitinho argumentou que, diferentemente dos trabalhadores que cumprem 264 dias de trabalho com 101 de descanso, os políticos têm mais folgas em comparação. Segundo o senador, os parlamentares adotam uma escala 3×4, com 30 dias de recesso em janeiro e mais 15 dias em julho, somando um total de 214 dias de descanso. Cleitinho defendeu a proposta como uma medida para valorizar o trabalhador, independentemente de posições ideológicas.
De MG, os deputados que já assinaram a PEC foram:
Duda Salabert (PDT)
Célia Xakriabá (PSOL)
Ana Pimentel (PT)
Dandara (PT)
Leonardo Monteiro (PT)
Miguel Ângelo (PT)
Odair Cunha (PT)
Padre João (PT)
Patrus Ananias (PT)
Paulo Guedes (PT)
Reginaldo Lopes (PT)
Rogério Correia (PT)
André Janones (AVANTE)
Bruno Farias (AVANTE)
Stefano Aguiar (PSD)
A mobilização em torno da proposta teve início com o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que alcançou 1,5 milhão de assinaturas em apoio à revisão da escala 6×1. Embora a proposta ainda não tenha sido formalmente protocolada como PEC, o texto precisa de 171 assinaturas de deputados para tramitar. A equipe de Erika Hilton afirma já ter obtido mais de 100 apoios e segue em busca de novos signatários para viabilizar a apresentação oficial da proposta, que enfrentará um longo processo até a aprovação.