Um detento de 26 anos foi encontrado morto na cela onde estava custodiado no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, nesta sexta-feira (22). O corpo não apresentava sinais de lesões ou ferimentos aparentes, e a suspeita inicial é de que a morte tenha ocorrido devido a uma parada cardiorrespiratória.
Embora não haja confirmação oficial sobre a causa do óbito, fontes informaram à rádio Itatiaia a possibilidade de overdose de K4, uma droga sintética conhecida por sua alta letalidade e frequentemente associada ao sistema prisional.
O detento, identificado como Igor Cristian da Mata Silva, era natural de Belo Horizonte e estava no sistema prisional desde junho de 2011. Ele cumpria pena na unidade desde janeiro de 2022. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) ainda não divulgou detalhes adicionais, e o caso segue sob investigação.
O que é a droga K4 e por que ela preocupa autoridades e especialistas?
A droga conhecida como K4 tem chamado a atenção das autoridades de segurança pública e especialistas em saúde por sua rápida disseminação e alto potencial de risco. Trata-se de um entorpecente sintético classificado como um canabinoide sintético, uma substância que imita os efeitos do tetraidrocanabinol (THC), o principal composto psicoativo da maconha, mas com efeitos muito mais intensos e perigosos.
Como é produzida e consumida
A K4 é produzida em laboratórios clandestinos, onde produtos químicos são aplicados em materiais vegetais ou papéis absorventes. Esse método facilita seu transporte e venda, já que pode ser camuflada como folhas de chá, papel comum ou até mesmo cartões postais. No sistema prisional, a droga é frequentemente usada como forma de burlar a fiscalização, sendo enviada em correspondências impregnadas com o entorpecente.
A droga é consumida de diversas formas: fumada, mastigada ou até dissolvida e inalada. Seus efeitos começam rapidamente, geralmente em poucos minutos, e podem durar várias horas.
Efeitos e riscos à saúde
Embora os canabinoides sintéticos sejam projetados para imitar a maconha, os efeitos da K4 são imprevisíveis e muito mais intensos. Entre os sintomas relatados estão alucinações, ansiedade extrema, ataques de pânico, paranoia, aumento dos batimentos cardíacos e pressão arterial elevada. Casos graves podem incluir convulsões, insuficiência renal e até morte.
Os riscos são agravados pela composição química da droga, que é constantemente alterada para evitar detecção por autoridades e regulamentações legais. Isso significa que os usuários frequentemente não têm ideia do que estão consumindo ou da potência da substância.
Contexto social e preocupação das autoridades
O uso da K4 tem crescido, principalmente entre jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade, além de ser uma preocupação nas prisões. Por ser barata e fácil de transportar, tornou-se uma opção atraente para traficantes e usuários.
As autoridades de saúde e segurança alertam sobre os perigos dessa droga, enfatizando a necessidade de campanhas de conscientização e investimentos em fiscalização e tratamentos para dependentes. A imprevisibilidade dos efeitos e a alta toxicidade tornam a K4 uma ameaça significativa à saúde pública e à segurança.
Conclusão
A disseminação da K4 reflete desafios mais amplos no combate ao uso de drogas sintéticas, que combinam acessibilidade, poder destrutivo e dificuldade de regulação. Enfrentar essa nova onda requer ação coordenada entre políticas públicas, repressão ao tráfico e estratégias de prevenção e cuidado com os usuários.