Com muitos desfalques e um time alternativo em campo, o Atlético não conseguiu voltar da Venezuela com três pontos. Fez um jogo ruim e perdeu a chance de se isolar na liderança no Grupo H da Sul-Americana. O empate teve gol contra do Caracas, vacilo defensivo do Galo e uma declaração polêmica após a partida.
O tamanho do Atlético é inquestionável. O investimento é questionável.
Até o próprio treinador sentiu o peso da resposta. Depois da fala, Cuca foi perguntado duas vezes sobre a qualidade do elenco atleticano e se esquivou. Não é de hoje que ele vem expondo as percepções sobre o grupo que tem em mãos e o investimento feito pela diretoria.
Experiente, Cuca entendeu que a declaração soou mal. Ele sabe que não é hora de expor o elenco que tem. Nada vai mudar, pelo menos até o meio do ano, quando a janela abrirá novamente.
Sem Hulk, Scarpa, Igor Gomes e tantos outros titulares que foram poupados ou estão no departamento médico, Cuca teve que colocar em campo um time reserva para enfrentar o Caracas. Como se não bastasse, perdeu Gabriel Menino, lesionado, ainda nos minutos iniciais. Jogador sentiu o joelho e será reavaliado. Ivan Román, zagueiro de ofício, entrou no meio.
Fora de casa, o Atlético teve dificuldade no início do jogo e viu o time venezuelano assustar. Everson fez defesas diante de uma linha defensiva quase toda reserva. Somente Lyanco foi titular na partida dessa quarta, com Saravia, Victor Hugo e Caio Paulista compondo a defesa.
O gol do Atlético saiu após cruzamento de Bernard pela esquerda, com Rodríguez mandando contra as próprias redes. O empate do Caracas chegou após falha defensiva. Lyanco errou no bote, no início do lance, e De Santis ficou cara a cara com Everson para marcar.
Na frente, Cuello e Rony tentaram e desperdiçaram muitas oportunidades. Bernard, que ganhou chance pela primeira vez entre os titulares no ano, teve mais uma atuação apagada. O garoto João Marcelo, que entrou no segundo tempo, até chegou a marcar o gol que seria da vitória, mas foi assinalado impedimento no lance.
Diante do empate frustrante e de afirmações questionáveis, o que pode ser feito agora é cada um assumir as próprias responsabilidades. Os jogadores sabem que podem render mais. Cuca e diretoria têm ciência de que reforços só podem chegar no meio do ano. Se não houver consenso nesse sentido, até a abertura janela, o ano pode se tornar perdido para o Atlético.
O Galo segue favoritíssimo para a classificação na Sul-Americana, mesmo com as atuações ruins. A maratona de jogos fora de casa vai ser difícil, e o time precisa de uma sequência positiva também no Brasileirão. Não há o que se questionar quanto a isso.