A Polícia Federal deflagrou a terceira fase da Operação Seguro Fake na manhã desta terça-feira (27), em BH, com o objetivo de desarticular empresas que exploram ilegalmente o mercado de proteção veicular. O modelo associativo não permite a venda de seguros, segundo a lei brasileira.
Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, sendo três na região da Pampulha em BH, um em condomínio de luxo em Lagoa Santa, na Grande BH, e outro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Todos os mandados são contra a empresa APVS Brasil, famosa no mercado ilegal de seguros, e foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Belo Horizonte.
Um desses mandados foi cumprido na sede da empresa, localizada na av. Antônio Carlos, no bairro São Luiz, onde foram apreendidos computadores, planilhas e outros documentos.
Empresa alvo da PF em BH é uma das maiores do Brasil
A associação, alvo da operação de hoje, é uma das maiores do Brasil, vendendo ilegalmente seguros em todos os estados da Federação. Estima-se que essa Associação, uma verdadeira empresa comandada por um casal de BH, tenha mais de cem mil clientes e cerca de quinhentos funcionários.
Ficou provado que vários clientes dessa empresa, indevidamente chamados de “associados”, não obtiveram indenizações quando da ocorrência de sinistros com seus veículos.
A associação possui centenas de queixas no PROCON e em sites de reclamações de consumidores. Dentre as principais queixas estão: o não pagamento de indenização por perda total, a péssima qualidade das oficinas credenciadas, a não permissão de uso do serviço de reboque, a não cobertura em veículos de terceiros, entre outras.
É importante lembrar que os donos dessa associação de seguro ilegal montaram um grande esquema de lavagem de dinheiro com o fito de direcionar parte dos valores do rateio pago pelos “associados” para eles mesmos.
Conforme as investigações, essa arquitetura criminosa tem sido copiada e replicada por todas essas associações que comercializam seguro falso, fazendo que parte do dinheiro pago pelos clientes vá para os bolsos dos donos da associação.
Estima-se que o faturamento é de mais de R$ 500 milhões por ano. Como uma “associação” não pode distribuir lucro a seus Diretores, os donos dessa de proteção veicular constituíram várias outras empresas satélites que gravitam no entorno dela. Assim, o dinheiro da associação era repassado para essas empresas como forma de pagamento de serviços tais como assistência 24hs, reboque, rastreadores, oficinas, entre outros. A forma de dissimular distribuição de lucros é, na visão da Polícia Federal, um indício de lavagem de dinheiro.
O corpo diretivo da Associação, que a fundou e arquitetou todo o intricado esquema de lavagem, tinha uma vida de luxo, com imóveis, carros e viagens internacionais. Ostentam um alto padrão de vida, inclusive nas redes sociais. Atualmente o casal que fundou e preside a associação vive na Flórida. A Polícia Federal já está em contato com autoridades norte americanas para identificar o paradeiro deste casal.
Os diretores e seus “laranjas” nas empresas satélites foram indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, crime contra as relações de consumo e por fazer operar instituição financeira sem autorização estatal. As penas cumuladas podem ultrapassar os vinte anos de prisão.
Nas diligências de hoje, carros, motos, documentos e aparelhos celulares foram apreendidos.
O inquérito policial será finalizado e seguirá para o Ministério Público Federal, para oferta de denúncia junto à Justiça Federal em BH.
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