A Fundação Ezequiel Dias (Funed) obteve, recentemente, uma importante conquista na área de desenvolvimento de novos medicamentos. O Ministério da Saúde (MS) aprovou a proposta de projeto da Lenalidomida, dentro do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).
A Lenalidomida é um análogo da Talidomida, medicamento que tem a Funed como única produtora no Brasil e fornecedora ao MS, há mais de 30 anos. A expectativa é que, dentro de dois anos, o produto já esteja com o desenvolvimento finalizado, para ser então submetido para registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O presidente da Funed, Felipe Attiê, destaca que a fundação possui área certificada, procedimentos implementados, equipe técnica treinada e grande conhecimento acerca da Talidomida. A vasta experiência da instituição na fabricação do medicamento contou a favor para a aprovação dessa PDP.
“Por ter um preço muito elevado para o consumidor, de em média R$ 700 um comprimido, a Lenalidomida é objeto constante de judicialização, principalmente nas esferas estadual e federal”, detalha.
“Com a produção na Funed, conseguiremos reduzir drasticamente esse preço ao Ministério da Saúde e manter a qualidade, levando para a população gratuitamente um medicamento essencial para o tratamento de diversos tipos de cânceres, como para mieloma múltiplo, síndromes mielodisplásicas e linfoma das células do manto”, afirma Attiê.
Segundo o diretor Industrial da Funed, Robson Cavalcanti, o fato de não existir indústrias com produção nacional da Lenalidomida abriu caminho para que a instituição concentrasse os esforços necessários para desenvolver tal projeto. “A aprovação da PDP pelo MS mostra que estamos no caminho certo, buscando novos desafios e alavancando o parque industrial farmacêutico da Funed”, comemora.
Medicamento
A Lenalidomida é um análogo estrutural da Talidomida, ou seja, as moléculas são muito parecidas. “Como só a Funed fabrica a Talidomida, iremos utilizar a mesma área produtiva, já certificada, para produzir a Lenalidomida. Sendo assim, não há necessidade de investimentos estruturais”, conta o chefe da Divisão de Desenvolvimento de Medicamento da Funed, Alisson Bruno Luzia.
Com isso, a estimativa é que haja redução considerável do preço do produto ao Ministério da Saúde. “A proposta é de redução mínima de cinco vezes o valor de referência. Além disso, existe a possibilidade de centralização do medicamento, com fornecimento via laboratório oficial, extinguindo assim a judicialização”, completa.
PDP
Em 2024, foi publicado o edital de Chamamento Público, para seleção de entidades privadas interessadas em firmar a PDP da Lenalidomida. A proposta vencedora foi da Hipolabor Farmacêutica que, juntamente com a Ecadil Indústria Química, apresentaram a melhor proposta comercial. O projeto foi então apresentado para o Ministério da Saúde, com outros concorrentes, e a Funed foi a vencedora.
“A ideia agora é executar essa PDP sabendo que o privado pode nos ajudar nas aquisições das matérias-primas, a fazer os estudos analíticos e já partir para a produção industrial, equalizando assim o projeto, para que todas as etapas possam chegar no tempo certo ao seu destino final, o paciente”, adianta o presidente Felipe Attiê.