O meia Miguelito, do América, segue preso em Ponta Grossa, após ser acusado pelo crime de injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, durante jogo nesse domingo. A súmula da partida traz o relato do árbitro Alisson Sidnei Furtado, do Tocantins, sobre as supostas ofensas proferidas pelo jogador boliviano.
Suspeito de injúria racial, Miguelito é vice-artilheiro das Eliminatórias e pertence ao Santos
– Relato que aos 30min do primeiro tempo, o atleta numero 29 da equipe mandante, sr. Allano Brendon de Souza Lima, veio até minha direção, alegando ter sido chamado de “preto cagão” pelo atleta Miguel Angel Terceros Acuña, numero 07 da equipe visitante. Informo que nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente – registrou a arbitragem no documento.
O árbitro da partida ainda citou que realizou o procedimento do protocolo antirracismo, informando o motivo da paralisação do jogo, no primeiro tempo.
– Após a comunicação do atleta da equipe mandante, imediatamente foi realizado o protocolo antirracismo, em sua primeira etapa, a qual consiste na paralisação do jogo, realização do gestual antirracista, e o anuncio feito no estádio explicando o motivo da paralisação do jogo e que se o incidente não cessasse, a partida seria interrompida
O árbitro ainda citou que o zagueiro Pedro Barcelos, do América-MG, recebeu uma cusparada de um torcedor que estava na arquibancada.
– Informo que, enquanto os suplentes de ambas as equipes retornavam aos seus respectivos bancos de reservas, o atleta número 04 da equipe visitante, sr. Pedro Henrique Barcelos da Silva, noticiou que membro da comissão técnica de sua equipe foi atingido por líquido não identificado e cusparada vinda de um torcedor que se localizava no local destinado aos torcedores da equipe mandante. devido a alegação dos jogadores suplentes da equipe visitante de falta de segurança para o retorno ao banco de reservas, foi aguardado a chegada da polícia militar, a qual identificou o infrator e o retirou das imediações.
Miguelito segue no Paraná junto do CEO do América-MG, Dower Araújo, e o supervisor de futebol, Daniel Negrão. O restante da delegação já deixou Ponta Grossa para retornar a Belo Horizonte. O Coelho vai aguardar os desdobramentos para se pronunciar oficialmente. A CBF ainda não se manifestou sobre o caso também.
O Operário-PR informou que presta apoio a Allano e lamentou que a partida tenha sido reiniciada.
– O Operário Ferroviário irá prestar todo apoio ao jogador Allano e lamenta a continuidade da partida sem modificações, uma vez que o protocolo foi acionado, e está buscando imagens claras que confirmem a alegação.
De acordo com a Polícia Civil do Paraná, após o término da partida, o autor, a vítima e a testemunha foram conduzidas por uma equipe da Polícia Militar até a sede da 13ª Subdivisão Policial. Após ouvir os envolvidos, foi dada voz de prisão em flagrante a Miguelito pelo crime previsto na Lei nº 7.716/89.
A Polícia Civil já estabeleceu contato com os canais de transmissão da partida, através do advogado do Operário-PR, para obter imagens que possam ter registrado a fala racista. O Inquérito Policial deverá ser concluído nos próximos dias sendo que a pena máxima prevista para o crime de injúria racial é de 5 (cinco) anos de reclusão.
A denúncia de Allano ocorreu aos 30 minutos. Após uma disputa de bola, os jogadores aguardavam o arremesso lateral quando Miguelito virou em direção ao atacante do Operário-PR, que foi para cima do meia do América-MG, junto com Jacy, também do Fantasma, que estava próximo. Em seguida, eles foram até o árbitro para falar sobre o ocorrido.
Quando o jogo recomeçou, Allano recebeu amarelo por uma entrada mais forte em Miguelito. O jogador do América-MG foi substituído no intervalo. Após ser informado, o árbitro Alisson Sidnei Furtado utilizou o protocolo antirracista da Fifa e da CBF, sinalizando com os braços cruzados, na altura do peito, em forma de “X”. A denúncia de injúria racial deve constar na súmula do jogo.
A partida ficou paralisada por 15 minutos, com discussão entre os jogadores e a espera do árbitro para uma possível verificação de imagens, e foi retomada sem alterações ou cartão.
Neste tempo, houve uma nova confusão, entre jogadores do América-MG e torcedores do Operário-PR que estavam atrás do banco. Um torcedor foi identificado por ter jogado um copo nos jogadores do América-MG e retirado por policiais militares.