O Dia Internacional da Mulher faz o Atlético olhar para o seu passado, presente, futuro e também para a história de Minas Gerais. Nesta data especial, o Clube rende homenagem às mulheres e prepara uma série de ações especiais para valorizar a presença feminina na construção e protagonismo do Galo como o mais tradicional e maior clube de Minas Gerais.
Na partida Atlético x América-MG neste sábado, às 16h30, a camisa oficial de jogo terá um patch especial, além do nome dos jogadores serem trocados pelo de mulheres mineiras que foram pioneiras e tiveram protagonismo em suas áreas de atuação e/ou atleticanas que deixaram uma rica biografia de amor ao Galo. (veja a lista e a minibiografia de cada uma delas , no fim).
O Galo teve na pensão de Dona Alice Neves um de seus principais berços. A matriarca alvinegra será uma das homenageadas no patch especial da camisa do jogo contra o América-MG, neste sábado, ao lado de Tias Terezinha e Célia, antigas coordenadoras dos “mascotinhos”, e responsáveis pela criação de várias novas gerações de Atleticanos, além de Ana Cândida, a saudosa Vovó do Galo, símbolo de amor ao Galo, que transcende o tempo.
São 28 nomes escolhidos pelo Clube, com a consultoria da advogada e filósofa Maria Walkiria Cabral. Atleticana e belo-horizontina, Maria Walkiria é professora da Universidade Federal do Rio de Janeira (UFRJ) e especialista em Diretos Humanos.
“Para além da questão biológica ou de gênero, que não deve ser o cerne principal da luta feminista, podemos encontrar como elemento comum a essas homenageadas o fator revolucionário, ou seja, a capacidade de produzir rupturas importantes nos padrões clássicos, que muitas vezes engessam as estruturas e impedem que pessoas ‘fora do padrão’ acessem determinados lugares”, diz a advogada e filósofa.
“Homenagens como essa são sempre significativas no nosso tempo, porque nos ajudam a manter viva a imagem de pessoas que abriram espaço para as novas gerações, permitindo inspiração para continuar a seguir diante das barreiras impostas por nossa sociedade tão desigual”.
O Galo entende a importância de registrar em seu site oficial os nomes dessas mulheres, para que seja um campo de pesquisas futuras daqueles interessados em conhecer histórias tão ricas e inspiradoras.
As homenageadas pelo Galo:
ANA CÂNDIDA (1920 – 2022) – A Vovó do Galo foi uma torcedora símbolo do Clube. Foi abraçada pela Massa por conta do amor que, mesmo com mais de cem anos de idade, dedicava ao clube. Era presença constante nas arquibancadas em jogos do Atlético até o seu falecimento. NÚMERO 21
CHICA DA SILVA (1732 – 1796) – Nascida no Serro, Chica da Silva é uma das mulheres mais conhecidas do Brasil colônia. Casada com um mercador de diamantes, é um flagrante caso de como o racismo no Brasil sempre esteve presente nas maneiras mais sutis. NÚMERO 28
TIA CÉLIA (1928 – 2017) – Tia Célia “formou” várias gerações de atleticanos. As crianças que ela conduziu para entrar com os jogadores do Galo se tornaram pais, mães e passaram a levar os filhos aos cuidados da coordenadora dos ‘mascotinhos’. Tia Célia ficou marcada, também, por entrar em campo sempre carregando uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida, ao lado da amiga Dona Terezinha. NÚMERO 45
CÁSSIA ELLER (1962 – 2001) – Uma das maiores cantoras e roqueiras do Brasil, ela nunca escondeu seu amor pelo Atlético. Carioca de nascimento, morou em Belo Horizonte dos seis aos 10 anos, quando aprendeu a amar o Galo e as cores preta e branca. NÚMERO 6
ALZIRA REIS ((1886 – 1970) – Natural de Minas Novas, foi a primeira médica formada no estado. Ela teve uma vida marcada pelo pioneirismo e pela luta em prol das causas femininas. Em 1913, frequentava a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Como resultado das suas ideias libertárias e da sua ousadia por “querer fazer coisas de homem”, por cerca de seis meses sua mãe não lhe dirigiu uma palavra. NÚMERO 41
HELENA GRECCO (1916 – 2011) – Nascida em Abaeté, em 1916, fundou e presidiu em Minas Gerais o Movimento Feminino pela Anistia. O objetivo era o fim das torturas na ditadura e a vida segura dos exilados políticos. Foi o símbolo da luta pela anistia no estado. Ela se empenhou para a criação, na capital mineira, da primeira Casa Abrigo para mulheres em situação de violência. Participou também de iniciativas contra o trabalho infantil e apoiou as reivindicações do Movimento Negro. NÚMERO 42
CAROLINA MARIA DE JESUS (1914 – 1977) – Nascida em Sacramento (MG), é uma das mais importantes escritoras negras da literatura brasileira. Sua obra tem relevância não só literária, mas também política. Apesar de ter apenas dois anos de estudo formal, tornou-se escritora e ficou nacionalmente conhecida em 1960, com a publicação de seu livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, no qual relatou o seu dia a dia na favela do Canindé, na cidade de São Paulo. NÚMERO 22
BARBARA HELIODORA (1759 – 1819) – Nasceu em São João del-Rei e participou de reuniões da Inconfidência Mineira. É considerada heroína do movimento, por sua coragem em não deixar que seu esposo, Alvarenga Peixoto, vacilasse dizendo-lhe a célebre citação: “Trair jamais. Embora não importa, seja infinito o sofrimento cruel”. Sofreu a desventura de participar, não apenas como esposa do Inconfidente, mas, como cidadã brasileira e heroína da tragédia que se abateu sobre Minas Gerais. NÚMERO 31
IRACEMA TAVARES (1912 – 2010) – Mineira de Guaranésia, foi a primeira mulher na América Latina nomeada para o Ministério Público. Desde bem pequena, via na leitura um momento de prazer. Era uma mulher bem à frente do seu tempo, pois nas décadas de 1930 e 40 ser promotora de Justiça, e acima de tudo tão jovem, era algo extraordinário. NÚMERO 16
CARLOTA MELLO (1915 – 2020) Mineira de Salinas, formou-se como enfermeira pela Escola da Cruz Vermelha e se inscreveu no curso de Enfermagem de Emergência do Exército. Tornou-se tenente e ficou marcada por integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) no conflito na Itália, na Segunda Guerra Mundial, atuando na província italiana de Nápoles como enfermeira. Ela cuidou de muitos soldados feridos no combate, juntamente com um grupo de dezenas de enfermeiras brasileiras. Também sobreviveu à gripe espanhola, pandemia que matou milhões de pessoas em 1918. NÚMERO 26
MARILIA DE DIRCEU (1767 – 1851) Ela não foi apenas a musa do inconfidente e poeta Tomás Antônio Gonzaga. Natural de Vila Rica (atual Ouro Preto), foi uma mulher que não se submeteu às atribuições femininas impostas à época. Aos 25 anos pediu emancipação do pai, que morava fora, para que pudesse gerir seus próprios bens. Naquela época, a emancipação era uma forma da mulher ter sua autonomia financeira, visto que quem tomava conta dos recursos da família eram os homens. NÚMERO 17
HIPÓLITA JACINTA (1748 – 1828) – Nascida em Prados, no Campo das Vertentes, participou de forma efetiva da conjuração mineira, o primeiro movimento anticolonial do Brasil. Ousou sair da vida doméstica e reivindicou seu lugar de fala no meio político, algo raro para mulheres na época. Foi quem escreveu e enviou a carta dando a notícia da prisão de Tiradentes, o mais conhecido dos inconfidentes. O texto também dava orientações para que os conjurados começassem o levante militar. NÚMERO 8
NENEM ALUOTTO (1913 – 2003)- foi uma torcedora fanática do Galo e que estava sempre presente nos jogos nos primeiros anos do clube. Em 1927, a redação do jornal Correio Mineiro organizou um concurso chamado “Rainha dos Sports”. Aluotto venceu o concurso, com 34.371 votos, contra 17.801 da candidata palestrina e 4.785 da representante do Fluminense. Na ocasião, Belo Horizonte tinha cerca de 90 mil habitantes, e a eleição evidenciou a popularidade do Atlético, além de mostrar que a torcida sempre foi participativa em prol do clube. Durante muitos anos auxiliou, de forma efetiva, o trabalho da doutrina espírita do médium Chico Xavier. NÚMERO 38
ALICE NEVES (1871-1967) – Mãe de um dos fundadores do Atlético, Mario Neves, Alice Neves bordou os primeiros uniformes e bandeiras do Atlético. Era na pensão que ela possuía na rua Timbiras que os jovens estudantes se reuniram para discutir assuntos do jovem clube. Como forma de levar as meninas para torcer para o Atlético, batia de porta em porta para que as mães liberassem as suas filhas para ir aos jogos. NÚMERO 7
ADÉLIA PRADO (1935) – Maior poetisa do Brasil viva, Adélia Prado nasceu em Divinópolis e tornou-se Atleticana. É também romancista e consagrou-se como a voz mais feminina da poesia brasileira. Recebeu da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti de Literatura, com “Coração Disparado”. Publicou seu primeiro livro aos 40 anos e chamou a atenção da crítica especializada. Usa em seus poemas uma linguagem coloquial para transmitir ao leitor novos pontos de vista sobre o cotidiano, muitas vezes o ressignificando. NÚMERO 13
TIA TEREZINHA (1949) – Presença constante nos jogos do Atlético, por muito tempo, organizou as crianças atleticanas para entrar em campo com o time. Junto com a Tia Célia, formou uma legião de novos atleticanos. Está eternizada na história do Galo por toda contribuição que deu ao clube. NÚMERO 34
HENRIQUETA LISBOA (1901-1985) – Nascida em Lambari, foi a primeira escritora a ser eleita integrante da Academia Mineira de Letras, em 1963. Sua primeira obra, intitulada Fogo Fátuo, foi publicada quando ela tinha apenas 21 anos, o que confirma seu talento precoce. Um dos maiores impactos em sua carreira literária é a participação no movimento modernista, em 1945. NÚMERO 5
CONCEIÇÃO EVARISTO (1946) – Nasceu em Belo Horizonte e se tornou participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país. Seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. A escritora participa de publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. É uma das maiores personalidades da literatura contemporânea feminina brasileira e membro da Academia Mineira de Letras. NÚMERO 10
MARTHA MIRAGLIA (1938) – Nascida em Belo Horizonte, foi multiatleta e se destacou no vôlei, basquete e atletismo. Foi atleta do Atlético e conquistou pela seleção brasileira a medalha de ouro no vôlei nos Jogos Pan-Americanos de Chicago, em 1959. Martha foi também tetracampeã sul-americana de vôlei. É conselheira benemérita do Atlético. NÚMERO 3
LYGIA CLARK (1920 – 1988) – A artista nasceu em Belo Horizonte e iniciou seu aprendizado artístico com Burle Marx. É uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto e participou da sua primeira exposição em 1959. A partir dos anos 1980, sua obra ganhou reconhecimento internacional com retrospectivas em várias capitais internacionais e em mostras antológicas da arte internacional do pós-guerra. NÚMERO 25
MAGDA SOARES BECKER (1932-2023) – Um dos nomes mais importantes da área da alfabetização no Brasil, com reconhecimento internacional, Magda é natural de Belo Horizonte. Professora emérita da UFMG, foi uma das fundadoras da Faculdade de Educação da universidade. Magda considerava que o letramento possui uma função social e deve estar conectado com o contexto no qual o aluno está inserido. NÚMERO 27
ALAÍDE LISBOA (1904 – 2006) – Pedagoga, jornalista e escritora, ela é mineira de Lambari. Foi membro da Academia Mineira de Letras e professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais. Escreveu diversos livros infantis e didáticos, além de ser a primeira mulher vereadora de Belo Horizonte em 1950. Irmã de Henriqueta Lisboa. NÚMERO 44
DONA MIGUELINA (1949 – 2021) – A torcida do Galo é única no mundo, capaz de fazer uma bandeira para a mãe de um craque. Com essa homenagem para Dona Miguelina que enfrentava um câncer, Ronaldinho foi abraçado pela Massa e retribuiu o afeto. Com genialidade, gols e títulos! NÚMERO 49
YARA TUPINAMBÁ (1932) – Nascida em Montes Claros, inicia-se nos estudos de arte com Guignard, em 1950, em Belo Horizonte. Além de ser responsável pela implantação de um programa do Ministério do Trabalho para requalificação do artesanato no estado de Minas Gerais. Em 1992, recebe o título de Cidadã Honorária de Belo Horizonte. É escolhida pela crítica diversas vezes como destaque das artes, além de homenageada com poemas, como fez Carlos Drummond de Andrade ao escrever o poema ‘Exposição sobre a artista’. NÚMERO 14
CARMÉN LÚCIA (1954) Nasceu em Montes Claros é jurista, professora e magistrada brasileira. É ministra do Supremo Tribunal Federal, a corte máxima do Brasil, desde 2006. Foi presidente da corte suprema e do Conselho Nacional de Justiça de 2016 a 2018. NÚMERO 23
BEATRIZ BRANDÃO (1779 – 1868) – Nascida em Vila Rica (atual Ouro Preto) foi uma poetisa, tradutora, musicista e educadora brasileira. Destacada pela fuga dos padrões femininos da época, durante o Segundo Reinado, constitui grande importância para a compreensão da sociedade do período. NÚMERO 15
VIDA ALVES (1928 – 2017) A atriz, autora e apresentadora nasceu em Itanhandu. Com uma carreira de mais de 70 anos, começou no rádio e depois atuou em telenovelas, contracenando com grandes nomes. Ela protagonizou o primeiro beijo em uma telenovela no Brasil. NÚMERO 11
ELVIRA KOMEL (1906 – 1932) Nasceu em São João do Morro Grande, hoje município Barão de Cocais, em 24 de junho de 1906. Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, na Universidade do Rio de Janeiro, em novembro de 1929. Se tornou líder do Movimento Feminista de Minas Gerais. Foi a primeira advogada a atuar em Minas Gerais, no Fórum da Comarca de Belo Horizonte, enfrentando juízes conservadores da época. Participou da Revolução de 1930, e foi a segunda mulher mineira a se alistar para ter o direito do exercício do voto. Faleceu vítima de meningite aos 26 anos. NÚMERO 1