Cerca de 28 mil pacientes estão na fila para cirurgias eletivas em Belo Horizonte, cidade que serve como referência para aproximadamente 500 municípios em Minas Gerais. As especialidades com maior tempo de espera incluem otorrinolaringologia e ortopedia, de acordo com o subsecretário de Atenção à Saúde da Prefeitura de BH, André Menezes.
No Estado, existem apenas 99 médicos especialistas em cirurgia de mão atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), conforme dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) em janeiro deste ano.
Segundo Menezes, alguns pacientes conseguem chegar a um especialista em um dos nove Centros de Especialidades Médicas (CEM) ou em uma das cinco Unidades de Referência Secundária (URS) da capital, mas encontram dificuldades para realizar os exames necessários, como ecocardiogramas, o que acaba atrasando o tratamento.
O médico e ex-secretário de Saúde de BH, Jackson Machado, sugere que a descentralização da saúde poderia aliviar a sobrecarga na capital, especialmente para procedimentos mais simples. Segundo ele, muitos procedimentos complexos são realizados apenas em Belo Horizonte ou em poucos outros municípios do Estado. Descentralizar os procedimentos menos complexos poderia evitar o grande fluxo de pacientes vindos do interior e reduzir a fila de espera.
Enquanto a descentralização não é implementada, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tem buscado reduzir a fila para cirurgias eletivas investindo recursos próprios e oferecendo pagamentos mais altos do que os praticados na tabela do SUS para atrair especialistas. A expectativa é que até o final de 2024 sejam realizadas 40 mil cirurgias na rede composta por 22 hospitais conveniados e dois próprios.
Entretanto, a fila para cirurgias de otorrinolaringologia ainda é um desafio, mesmo com a PBH pagando valores equivalentes aos dos planos de saúde. Nos hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a contratação de anestesistas tem sido um dos principais entraves, situação agravada pelo aquecimento do mercado após a pandemia de Covid-19.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que entre janeiro e maio de 2024 foram investidos R$ 120 milhões para equipar hospitais e fortalecer a política Opera Mais, com a previsão de repasse de mais R$ 252 milhões até o final do ano. No primeiro trimestre de 2024, cerca de 190 mil cirurgias eletivas foram realizadas no Estado. O Ministério da Saúde foi procurado, mas não respondeu aos questionamentos.
O programa federal Mais Acesso a Especialistas, que busca garantir a resolução completa das condições de saúde dos pacientes, pode ajudar a aliviar a pressão sobre a rede, segundo Alan Rodrigo da Silva, coordenador de Vigilância em Saúde da Macrorregião Oeste.