Representar Betim em premiações nacionais tem feito parte da rotina das escolas municipais. No último sábado (9), professores e uma aluna da Escola Municipal Aristides José da Silva, do bairro Jardim Teresópolis, participaram da 7ª edição do Prêmio Território, iniciativa do Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo (SP), que sediou o evento. A unidade escolar do município foi uma das dez premiadas dentre as 365 de 24 estados brasileiros, com o “Projeto Valorização da Cultura Pataxó”, desenvolvido ao longo do ano de 2023.
“O bairro Jardim Teresópolis possui uma grande diversidade cultural, abrigando indígenas, quilombolas, trabalhadores rurais e urbanos em seus mais de 30 mil moradores. E a Escola Municipal Aristides José da Silva está inserida nesse contexto, sendo desafiada a elaborar iniciativas pedagógicas que explorem essas oportunidades do entorno da escola. No caso dessa unidade escolar, são mais de 800 alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, além de cerca de 200 estudantes na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, pontua a secretária municipal da Educação, Marilene Pimenta.
O “Projeto Valorização da Cultura Pataxó” foi inscrito pelos professores da escola na 7ª edição do Prêmio Territórios Tomie Ohtake – dirigido às unidades públicas municipais, estaduais e federais do Brasil. A escola foi uma das dez selecionadas e, como premiação, receberá livros para compor o acervo escolar e participará de um minidocumentário que apresentará uma parte dos processos e os resultados da iniciativa para ser veiculado nos canais de comunicação do Instituto Tomie Ohtake. Além disso, a escola recebeu uma bolsa de estudos para um curso de graduação e apoio financeiro de R$ 6 mil.
“Nosso projeto surge quando uma de nossas alunas, Írisnã da Silva Ferreira, que pertence à etnia Pataxó, vai para a escola pintada com os grafismos de sua cultura”, explica o professor de ciências Marcos Cabral de Melo. “Essa pintura gerou diversas reações entre alunos e funcionários, como admiração, surpresa e até mesmo repressão, demonstrando a necessidade de empregarmos estratégias que promovessem o diálogo entre os diferentes saberes presentes na escola e na nossa comunidade”, completa o educador.
Com isso, os professores se uniram e realizaram diversas atividades na escola, como uma oficina de escrita em patxohã (língua Pataxó), com ênfase em termos de luta e resistência dos povos indígenas – ministrado pela indígena Thais Regina Maciel, mãe da aluna Írisnã. Além disso, integrantes da Aldeia Pataxó Katurãma, de São Joaquim de Bicas (MG), foram até a escola para compartilhar suas experiências, lutas e histórias. Ao fim da visita, os alunos foram conhecer a aldeia para vivenciarem a cultura e os costumes da aldeia. Por fim, os alunos desenvolveram um catálogo didático das pinturas corporais Pataxó, utilizando desenhos sensíveis ao tato, no intuito de dar acessibilidade a pessoas com deficiência visual.
“A realização do projeto esteve associada também com a feira de ciências da escola, a Festic (Feira Estudantil de Sustentabilidade, Tecnologias e Iniciação Científica), sendo adotado o tema “Ciência e Cultura – Valorizando Diferentes Saberes para Escrever um Futuro Sustentável”. Dessa forma, o projeto envolveu toda a comunidade escolar”, conta a professora de ciências Bruna Costa de Souza.
“Ver os nossos professores e alunos empenhados e envolvidos no dia a dia escolar nos enche de orgulho. Estamos trabalhando para garantir recursos e estrutura para que o ensino seja propagado da melhor forma e que a aprendizagem seja, de fato, significativa e eficaz. Premiações como essa reforçam os resultados positivos da educação pública de qualidade em nosso município”, completa Marilene Pimenta.