O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou nesta sexta-feira (22) uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral, investigado por ter divulgado comunicações internas entre os servidores do STF e do TSE. A informação é da CNN. Na denúncia, Gonet aponta que Tagliaferro cometeu violação de sigilo funcional, coação durante o processo, obstrução de investigações relacionadas a uma organização criminosa e tentou desestabilizar o Estado Democrático de Direito.
A investigação da Polícia Federal, realizada há quatro meses, revela que Tagliaferro teria admitido à sua esposa, em abril de 2024, ter passado informações à imprensa, especificamente ao jornal Folha de S.Paulo. De acordo com o relatório da PF, os vazamentos incluíam conversas sigilosas com servidores do STF e do TSE, obtidas enquanto ele exercia a função de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação.
Para a PGR, Tagliaferro estaria colaborando com uma organização criminosa que visava desinformar a população sobre a segurança do sistema de votação eletrônico e colocar em dúvida a atuação das cortes, o que configuraria uma tentativa de golpe e a desestabilização do Estado Democrático de Direito. Além disso, a denúncia menciona que, após deixar o país em julho deste ano, o ex-assessor ameaçou revelar novas informações confidenciais, caracterizando coação durante o processo. Segundo Gonet, essas ações se encaixam em uma estratégia de seleção e divulgação de diálogos para desacreditar as investigações em curso sobre fake news, milícias digitais e ações golpistas. O PGR enfatiza que os vazamentos tinham como objetivo claro questionar a integridade das apurações do STF e incitar atos antidemocráticos, impactando diretamente a estabilidade das instituições republicanas.