Um garoto de 14 anos, autor do homicídio de seus pais e de seu irmão de apenas 3 anos em Itaperuna, no noroeste do Rio de Janeiro, estava planejando forjar um documento que lhe permitiria viajar para ver sua namorada. Além disso, ele realizou buscas na internet sobre como acessar o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) de pessoas falecidas.
De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), o pai do jovem possuía cerca de R$ 33 mil em seu FGTS. As investigações sugerem que o adolescente desejava visitar uma namorada virtual de 15 anos, que mora em Mato Grosso, e pretendia usar essa quantia para a viagem, já que seus pais eram contra o relacionamento.
As autoridades estão investigando duas possíveis motivações para o crime: a desaprovação dos pais em relação ao namoro e uma possível motivação financeira. “As restrições impostas pelos pais e a insatisfação deles com o namoro parecem ter sido fatores importantes. O adolescente mencionou isso, mas também existe a possibilidade de que a ambição tenha influenciado sua decisão, uma vez que ele sabia sobre a quantia que o pai tinha no FGTS. Essa linha de investigação continua em andamento”, declarou Carlos Augusto Guimarães, delegado da 143ª DP de Itaperuna.
Além disso, as autoridades estão averiguando se a namorada virtual teve algum tipo de influência direta sobre o jovem, que foi localizada e identificada em Água Boa (MT) no dia 26 de junho. “É possível que ela tenha contribuído de alguma maneira. Se a jovem o incentivou ou instigou a cometer esses atos, ela poderá ser responsabilizada”, acrescentou o delegado Guimarães.
Os corpos da mãe e do pai, de 37 e 45 anos, respectivamente, foram encontrados em uma cisterna na residência da família. O adolescente relatou que esperou seus pais adormecerem, pegou uma arma escondida sob a cama e disparou contra eles. Com uma calma perturbadora, ele contou que tomou um energético para se manter acordado e, durante a madrugada, utilizou a arma do pai para perpetrar os crimes, começando pelo pai, seguido da mãe e, por fim, do irmão menor. Todos dormiam no mesmo quarto devido ao ar-condicionado.
A arma utilizada estava registrada em nome do pai, que possuía licença como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Após os assassinatos, o garoto usou produtos químicos para tentar limpar os vestígios e arrastou os corpos para escondê-los. Até o momento, não há provas de que ele tenha pesquisado sobre como realizar os homicídios.
“Ele se apresentou de maneira serena, respondendo rapidamente às perguntas. Quando indagado se se arrependeria, afirmou que não e que faria tudo novamente”, relatou o delegado.
A Polícia Civil de Mato Grosso (PCMT) está ouvindo a adolescente com quem o jovem mantinha o relacionamento virtual. Simultaneamente, os dispositivos eletrônicos do adolescente, como celular e computador, estão sendo analisados para entender melhor a dinâmica do crime e verificar se houve algum tipo de incitação ou apoio à distância.
O jovem enfrentará acusações por ato infracional correspondente a triplo homicídio e ocultação de cadáver.