Com a chegada do inverno e a queda das temperaturas, o Brasil começa a enfrentar um aumento nas infecções respiratórias, incluindo a Covid-19. Após cinco anos do início da pandemia, a doença ainda figura entre as principais causas de internações por problemas respiratórios, ao lado da gripe. Por isso, é crucial estar ciente das últimas atualizações sobre a doença e as estratégias de prevenção.
Entre o início de 2025 e o dia 26 de abril, o Brasil reportou 182 mil novos casos de Covid-19, resultando em 1.478 mortes. Embora São Paulo tenha registrado o maior número total de casos, as taxas de incidência mais altas nas semanas recentes foram observadas em Roraima, Acre, Tocantins, Distrito Federal e Goiás.
Dados da Rede Nacional de Vigilância Genômica indicam que, até o momento, foram realizados 1.710 sequenciamentos genéticos do SARS-CoV-2 este ano. A variante JN.1, conhecida também como Pirola, representa 36% dos casos. A variante LP.8.1 também é relevante, correspondendo a 30% das infecções.
Especialistas em doenças infecciosas advertem que a variante LP.8.1 pode se tornar uma variante de interesse global, e uma nova reunião do Grupo Consultivo Técnico sobre Composição da Vacina contra a Covid (TAG-CO-VAC) está marcada para este mês. Durante algumas semanas em fevereiro, a LP.8.1 chegou a ser a variante predominante entre os casos.
Originada da variante JN.1, a LP.8.1 foi classificada como variante sob monitoramento pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em janeiro, devido à sua rápida propagação.
Os sintomas típicos da Covid-19, como a perda do olfato, mudaram consideravelmente desde o início da pandemia. Atualmente, os sinais mais frequentes se assemelham aos de uma gripe comum: coriza, tosse e dores de cabeça e garganta estão entre os relatos mais comuns dos pacientes. A principal diferença em relação à gripe é que a febre raramente aparece em casos leves de Covid-19. Pacientes infectados com variantes da JN.1 também têm relatado insônia e sentimentos de ansiedade.
“Ao diferenciar a Covid-19 de outras doenças, observamos um quadro inflamatório na garganta, seguido de tosse seca, espirros, coriza, mal-estar e ansiedade, além de fadiga. A diminuição do olfato e do paladar também pode ocorrer”, explica a pneumologista Maria Vera Cruz, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
Os principais sinais clínicos atualmente observados incluem coriza em 31,1% dos casos e tosse em 22,9%. Sintomas como dor muscular, fraqueza e dores de cabeça ou garganta continuam a ser frequentemente registrados nas consultas médicas.
Em abril de 2024, a OMS atualizou a composição das vacinas, recomendando imunizantes que incluam antígeno da variante JN.1. Na mais recente aquisição do Ministério da Saúde, realizada em 1º de maio, o Brasil fez sua primeira compra dos imunizantes mais atualizados.
“É crucial manter o calendário vacinal em dia, mas neste inverno, devemos dar atenção especial às vacinas contra a gripe e Covid-19. Aqueles que puderem, devem se vacinar. A imunização não só protege o indivíduo, mas também contribui para a saúde coletiva, ajudando a prevenir surtos”, destaca o professor de infectologia Estélio Henrique Martin Dantas, da Universidade Tiradentes (Unit).
Para adultos, a recomendação é de três doses da vacina. No entanto, aqueles que não completaram o esquema durante a pandemia não têm previsão de receber novas doses pelo SUS, exceto os grupos prioritários. O imunizante também não está disponível na rede privada.
Atualmente, a vacinação rotineira é destinada a crianças com mais de 6 meses e menos de 5 anos, além de gestantes e idosos. Para pessoas com 60 anos ou mais, é necessário receber uma dose de reforço a cada seis meses, totalizando duas doses anuais.
Indivíduos imunocomprometidos, portadores de comorbidades crônicas, indígenas, quilombolas e profissionais de saúde devem receber uma dose anual da vacina. A estratégia ideal é integrar as vacinas contra Covid-19 e gripe, com a administração simultânea já sendo adotada em vários estados, visando fortalecer a imunidade da população antes do pico sazonal de infecções.
Apesar dos avanços na vacinação, as medidas de prevenção continuam a ser recomendadas. A infectologista Juliana Oliveira da Silva, do Hcor, enfatiza a importância de manter os cuidados básicos aprendidos durante a pandemia.
“Infelizmente, a Covid-19 veio para ficar, e é essencial que as pessoas mantenham as mesmas precauções de antes. Evitar aglomerações, higienizar as mãos, desinfetar superfícies de contato, cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir e, principalmente, usar máscara ao apresentar sintomas gripais são passos fundamentais para conter essa nova onda de infecções”, conclui.
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