A delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa do réu Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes em agosto deste ano, em BH, recebeu uma nova licença médica de 60 dias, conforme publicação no Diário Oficial de Minas Gerais. Com essa prorrogação, ela completa 180 dias de afastamento, desde o início do licenciamento em 13 de agosto.
Mesmo afastada, a delegada continua a receber seus vencimentos. Em outubro, por exemplo, seu salário bruto foi de R$ 25,4 mil, com um líquido de R$ 17,8 mil após descontos. Ao longo dos seis meses de afastamento, ela terá recebido mais de R$ 110 mil.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) decidiu não denunciar Ana Paula, que havia sido indiciada por prevaricação e por permitir o uso de sua arma no crime. A decisão se baseou no fato de as penas previstas serem inferiores a quatro anos e não envolverem crimes violentos.
Com isso, o MP encaminhou à Justiça uma proposta de acordo de não persecução penal, solicitando que o processo dela seja separado do do marido. O órgão também pediu que seja analisado o pagamento de uma indenização de, no mínimo, R$ 150 mil à família de Laudemir.
Relembre caso de gari assassinado em BH
Laudemir de Souza Fernandes foi morto após Renê de Souza Junior, de 47 anos, motorista de um carro modelo BYD, em uma briga de trânsito. O empresário diz que o gari estava ‘atrapalhando a passagem’. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o criminoso chega no local e atinge o trabalhador.
Testemunhas confirmaram à polícia que Renê Júnior, irritado com o caminhão de lixo estacionado durante a coleta, primeiro ameaçou a motorista dizendo “atirarei na sua cara” com uma arma. Quando os garis interviram pedindo calma, ele desceu do veículo e efetuou o disparo que atingiu Laudemir no tórax. Ele chegou a ser encaminhado para o Hospital Santa Rita, mas não resistiu.
Renê, que confessou ter atirado contra o gari, permanece preso no presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele é natural do Rio de Janeiro, possui antecedentes criminais que incluem homicídio culposo, lesão corporal, extorsão e perseguição.
De acordo com registros judiciais, Renê foi condenado por homicídio culposo em 2011, após um acidente de trânsito no bairro Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, ele dirigia em alta velocidade e atropelou uma mulher de 50 anos, que não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado como acidente, mas resultou em condenação pelo crime.
Também no RJ, o empresário foi preso por violência doméstica em 2003, quando agrediu a ex-esposa com duas vassouradas durante uma discussão na casa onde moravam, em Belford Roxo, na baixada. No depoimento, ele admitiu as agressões, alegando que perdeu o controle emocional. Além disso, há registros de crimes de extorsão e perseguição cometidos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Renê é casado com a delegada Ana Paula Babino, da Polícia Civil de Minas Gerais. Em depoimento, ele disse que a arma é de propriedade dela, sendo apreendida pela perícia logo depois. A corregedoria a indiciou por prevaricação.
Ainda na delegacia, ele disse que seguiu a rotina do dia-a-dia ao sair de sua casa em Nova Lima às 8h07 rumo ao trabalho em Betim, na Grande BH, onde é diretor de uma empresa de alimentos saudáveis. Em seguida, ele almoçou, passeou com os cachorros e foi à academia de alto padrão no bairro Estoril, na capital, por volta das 16h, até ser preso.
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