Renê Nogueira Júnior, 47 anos, preso pela morte do gari Laudemir Fernandes em BH, enviou uma carta manuscrita ao processo na terça-feira (26) em que se refere ao homicídio como “acidente”. A mensagem foi encaminhada após a terceira mudança de advogados desde o crime.
No texto, o empresário afirma: “O que aconteceu foi um acidente com a vítima e me sinto bem representado, tanto pelo Dr. Dracon, como pelo Dr. Bruno Rodrigues”. A declaração contradiz seu depoimento original, onde confessou o crime detalhadamente.
A carta também sinaliza a reconciliação com Dracon Cavalcante – advogado que havia sido demitido dias antes. A defesa atual informou que só se manifestará oficialmente após a conclusão do inquérito. Renê responde por homicídio qualificado e porte ilegal de arma.
“Eu, René da Silva Nogueira Junior, tinha dado a autorização para o dr. Dracon via procuração para me defender no meu nome. Gostaria de reforçar que acredito no trabalho do mesmo e reforsso (sic) a necessidade que meus advogados trabalhem em parceria. O que aconteceu foi um acidente com a vítima e me sinto bem representado tanto pelo dr. Dracon como pelo dr. Bruno Rodrigues. Tenho certeza que resolveremos esse mal entendido. Pedi do mesmo para não sair do meu caso. Que Deus abençõe (sic)”, diz a carta.
O que se sabe sobre gari assassinado em BH?
Laudemir de Souza Fernandes foi morto após Renê de Souza Junior, de 47 anos, motorista de um carro modelo BYD, em uma briga de trânsito. O empresário diz que o gari estava ‘atrapalhando a passagem’. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o criminoso chega no local e atinge o trabalhador.
Testemunhas confirmaram à polícia que Renê Júnior, irritado com o caminhão de lixo estacionado durante a coleta, primeiro ameaçou a motorista dizendo “atirarei na sua cara” com uma arma. Quando os garis interviram pedindo calma, ele desceu do veículo e efetuou o disparo que atingiu Laudemir no tórax. Ele chegou a ser encaminhado para o Hospital Santa Rita, mas não resistiu.
Na quinta-feira (21), o Ministério Público prorrogou a investigação do caso por mais dez dias. O inquérito ainda aguarda informações da operadora Claro e da montadora BYD sobre registros de movimentação e rastreamento do veículo usado no crime. Renê, que confessou ter atirado contra o gari, permanece preso no presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com registros judiciais, Renê foi condenado por homicídio culposo em 2011, após um acidente de trânsito no bairro Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, ele dirigia em alta velocidade e atropelou uma mulher de 50 anos, que não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado como acidente, mas resultou em condenação pelo crime.
Também no RJ, o empresário foi preso por violência doméstica em 2003, quando agrediu a ex-esposa com duas vassouradas durante uma discussão na casa onde moravam, em Belford Roxo, na baixada. No depoimento, ele admitiu as agressões, alegando que perdeu o controle emocional. Além disso, há registros de crimes de extorsão e perseguição cometidos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Renê é casado com a delegada Ana Paula Babino, da Polícia Civil de Minas Gerais. Em depoimento, ele disse que a arma é de propriedade dela, sendo apreendida pela perícia logo depois.
Ainda na delegacia, ele disse que seguiu a rotina do dia-a-dia ao sair de sua casa em Nova Lima às 8h07 rumo ao trabalho em Betim, na Grande BH, onde é diretor de uma empresa de alimentos saudáveis. Em seguida, ele almoçou, passeou com os cachorros e foi à academia de alto padrão no bairro Estoril, na capital, por volta das 16h, até ser preso. Em nenhum momento, o homem teria assumido a autoria do crime, fato contestado pelas imagens.
Acompanhe as notícias de BH e Minas Gerais em tempo real no nosso grupo de WhatsApp, clicando aqui neste link.