A Polícia Civil indiciou o padeiro e o proprietário de uma padaria do bairro Serrano, na região da Pampulha, em BH, por homicídio culposo e lesão corporal culposa após a venda de uma torta de frango contaminada. O alimento causou a morte de uma idosa de 75 anos e intoxicou gravemente um casal de jovens em abril deste ano. As vítimas sofreram intoxicação por toxina botulínica, conforme concluíram as investigações.
Cleuza Maria faleceu em 27 de maio após um AVC decorrente da contaminação. O casal Fernanda Isabella e José Vitor, de 23 e 24 anos, recebeu alta hospitalar após dois meses de internamento, mas segue em recuperação domiciliar.
A delegada responsável destacou as condições precárias do estabelecimento: alimentos armazenados sem refrigeração adequada, mistura de produtos crus e cozidos, recipientes destampados e ausência total de controle sanitário. O padeiro responsável pela torta tinha apenas cinco dias de experiência e não possuía vínculo empregatício formalizado – sequer havia registro de seu nome completo ou endereço.
A padaria operava sem alvará sanitário e não estava cadastrada no sistema municipal. O caso foi enquadrado na Lei 8.137/90 (crime contra as relações de consumo). Inicialmente tratado como suspeita de botulismo, exames do Instituto Adolfo Lutz, também em BH, descartaram a hipótese, mas confirmaram a intoxicação por toxina bacteriana.
O proprietário admitiu à polícia que contratou o padeiro de forma irregular, com pagamento em dinheiro e sem dados cadastrais. O funcionário apresentou-se voluntariamente à delegacia em abril, negou qualquer irregularidade e foi liberado. O caso foi encaminhado para a Justiça.
Relembre caso de torta de frango contaminada em BH
No dia 21 de abril, Cleusa, Fernanda e José Vitor consumiram uma torta de frango na Padaria Natália, no bairro Serrano, em BH. Em seguida, as vítimas passaram mal e foram internadas em estado grave.
Elas começaram a apresentar sinais de mal-estar na terça-feira, um dia após consumirem os produtos adquiridos no estabelecimento. No mesmo dia da compra, as vítimas chegaram a retornar à padaria e relataram que os alimentos apresentavam cheiro forte e aparência inadequada. Diante da reclamação, os funcionários devolveram o dinheiro.
O proprietário do estabelecimento disse à Polícia que os alimentos teriam sido feitos no último sábado (19). Ele soube na terça (22), que o padeiro havia contado a outros trabalhadores do local que estava com problemas com sua companheira em casa. No domingo (20), quando estava de folga, o padeiro teria voltado à loja e levado uma torta.
O padeiro apontado como responsável pelo alimento e o dono da padaria prestaram depoimento na Delegacia. Ninguém foi detido.
O funcionário negou que contaminou a torta de frango e acusa o proprietário de calúnia. “Ele deveria ter me procurado antes de me acusar. Eu te garanto que no frango e no recheio não tem nada, se tiver alguma coisa vai ser a própria contaminação do alimento com outros alimentos por conta do mau condicionamento”, disse.
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