O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, réu por assassinar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 47 anos, apresentou uma nova versão sobre o crime durante audiência realizada nesta quarta-feira (26) no Fórum Lafayette, em BH. Pela primeira vez desde que se tornou réu, ele prestou depoimento oficial e alegou que portava a arma do crime porque estaria sendo ameaçado por um ex-sócio ligado ao jogo do bicho.
Em seu relato espontâneo ao juiz, Renê afirmou que, no dia do assassinato, ficou cerca de 30 minutos parado no trânsito e “teve oportunidade de atirar em outras pessoas, mas não o fez”. Usou esse argumento para sustentar que “jamais atiraria em ninguém por estar parado no trânsito”, embora não tenha se manifestado diretamente sobre se disparou contra o gari.
O réu também negou ter confessado o crime na delegacia, acusando os policiais de tê-lo ameaçado e sugerido que poderiam prejudicar sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, caso ele não colaborasse com a versão deles.
Neste segundo dia de julgamento, além do depoimento de Renê, foram ouvidas quatro testemunhas de defesa, sendo três policiais e um representante da empresa onde trabalha o acusado. Na terça-feira (25), testemunhas de acusação – incluindo colegas de trabalho da vítima que presenciaram o crime – relataram que a conduta de Renê foi agressiva e intencional durante a discussão de trânsito.
O caso segue em andamento no 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, com a fase de instrução e julgamento, na qual são reunidos depoimentos, provas e argumentos que serão submetidos ao júri popular.
Relembre caso de gari assassinado em BH
Laudemir de Souza Fernandes foi morto após Renê de Souza Junior, de 47 anos, motorista de um carro modelo BYD, em uma briga de trânsito. O empresário diz que o gari estava ‘atrapalhando a passagem’. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o criminoso chega no local e atinge o trabalhador.
Testemunhas confirmaram à polícia que Renê Júnior, irritado com o caminhão de lixo estacionado durante a coleta, primeiro ameaçou a motorista dizendo “atirarei na sua cara” com uma arma. Quando os garis interviram pedindo calma, ele desceu do veículo e efetuou o disparo que atingiu Laudemir no tórax. Ele chegou a ser encaminhado para o Hospital Santa Rita, mas não resistiu.
Renê, que confessou ter atirado contra o gari, permanece preso no presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele é natural do Rio de Janeiro, possui antecedentes criminais que incluem homicídio culposo, lesão corporal, extorsão e perseguição.
De acordo com registros judiciais, Renê foi condenado por homicídio culposo em 2011, após um acidente de trânsito no bairro Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, ele dirigia em alta velocidade e atropelou uma mulher de 50 anos, que não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado como acidente, mas resultou em condenação pelo crime.
Também no RJ, o empresário foi preso por violência doméstica em 2003, quando agrediu a ex-esposa com duas vassouradas durante uma discussão na casa onde moravam, em Belford Roxo, na baixada. No depoimento, ele admitiu as agressões, alegando que perdeu o controle emocional. Além disso, há registros de crimes de extorsão e perseguição cometidos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Renê é casado com a delegada Ana Paula Babino, da Polícia Civil de Minas Gerais. Em depoimento, ele disse que a arma é de propriedade dela, sendo apreendida pela perícia logo depois. A corregedoria a indiciou por prevaricação.
Ainda na delegacia, ele disse que seguiu a rotina do dia-a-dia ao sair de sua casa em Nova Lima às 8h07 rumo ao trabalho em Betim, na Grande BH, onde é diretor de uma empresa de alimentos saudáveis. Em seguida, ele almoçou, passeou com os cachorros e foi à academia de alto padrão no bairro Estoril, na capital, por volta das 16h, até ser preso.
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