O deputado federal André Janones (Avante-MG) destinou 76% de suas emendas parlamentares para a Prefeitura de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, nos últimos quatro anos. O município é governado pela ex-namorada e ex-assessora do parlamentar, Leandra Guedes.
No total, foram R$ 58,4 milhões transferidos para Ituiutaba. Desse montante, R$ 25 milhões foram enviados por meio das chamadas “emendas Pix”, que são liberadas sem cumprir todos os critérios de transparência e fiscalização.
Janones, que é natural de Ituiutaba, tornou a cidade a que mais recebeu recursos por emendas Pix em todo o estado de Minas Gerais. O valor é quase quatro vezes maior do que o destinado a Belo Horizonte, que recebeu R$ 7,2 milhões.
Uma das principais aplicações das emendas enviadas pelo deputado foram shows sertanejos, em quatro festas ao longo deste ano. Os eventos tiveram o custo de R$ 9 milhões aos cofres públicos, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. Desse total, R$ 2,4 milhões foram custeados com as emendas de Janones.
Entre os artistas contratados, estão Gusttavo Lima, cujo cachê, de R$ 704 mil, foi o mais alto, além de Jorge e Mateus, Zezé Di Camargo e Luciano, Alok e João Neto e Frederico.
As informações sobre o repasse de emendas de Janones para Ituiutaba foram divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (11). O deputado não se manifestou sobre o caso.
A destinação de emendas parlamentares para municípios governados por familiares ou aliados é uma prática comum no Brasil. No entanto, o caso de Janones chama a atenção pelo volume de recursos transferidos e pela falta de transparência nas aplicações.
As emendas Pix são uma modalidade de emenda parlamentar que foi criada em 2020, durante a pandemia de Covid-19. Elas permitem que os deputados federais destinem recursos diretamente para prefeituras, sem a necessidade de aprovação da Comissão Mista de Orçamento.
O objetivo da criação das emendas Pix era agilizar o repasse de recursos para atender às necessidades emergenciais das prefeituras durante a pandemia. No entanto, a modalidade foi criticada por especialistas por abrir espaço para irregularidades e falta de transparência.