O icônico Castelo de José Rico, avaliado em R$ 15,1 milhões, não encontrou compradores interessados em seu leilão recente. O imóvel, que perpetua o legado do renomado cantor sertanejo José Rico, da dupla Milionário & José Rico, está em estado avançado de abandono e deterioração.
Localizado na Estrada Municipal LIM-486, ao lado da Rodovia Anhanguera (SP-330), o castelo ocupa uma área de 48 mil metros quadrados e conta com mais de 100 quartos. Desde o falecimento de José Rico em 3 de março de 2015, a mansão não é mais habitada pelos familiares do artista e permanece sem manutenção adequada.
Desde a morte de José Rico, o castelo, que ele tanto prezava, foi deixado à mercê do tempo. A falta de cuidado é evidente em toda a propriedade: pichações, portões enferrujados e mato alto tomaram conta da fachada. Um dos portões está caído e uma cratera na calçada dificulta o acesso dos pedestres. No interior, a situação é ainda mais desoladora, com a vegetação crescendo de tal forma que cobre partes significativas da construção, obstruindo antigos caminhos.
Dentro da mansão, o abandono é visível. Vidros quebrados, esquadrias enferrujadas e paredes em deterioração marcam o descaso. A piscina em formato de violão, um dos traços distintivos da propriedade, está vazia, cercada por vegetação e pichações. Móveis acumulam poeira em cômodos inacabados, ainda repletos de materiais de construção, revelando que José Rico faleceu antes de concluir seu sonho.
José Rico dedicou 24 anos de sua vida à construção desse castelo, que se tornou o tema de muitas lendas e histórias. Ele supervisionava pessoalmente as obras, compartilhando suas visões com os pedreiros. Os vizinhos recordam que o cantor tinha planos grandiosos, incluindo a criação de uma gravadora, um hotel e uma loja de produtos da dupla. No entanto, esses planos não se concretizaram. Apenas alguns projetos, como um campo de futebol com arquibancada, foram concluídos, mas hoje também estão cobertos pelo mato.
A Justiça tentou vender o castelo em dois leilões e duas vendas diretas, mas sem sucesso. A ação foi movida por um músico que trabalhou com a dupla entre 2009 e 2015 e alegou débitos a receber. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) informou que não há previsão para um novo leilão, e o imóvel permanecerá suspenso enquanto outros bens são analisados para penhora.
A Prefeitura de Limeira revelou que o imóvel está em processo de regularização fundiária. Embora o local tenha deixado de ser classificado como rural, ainda não foi catalogado como urbano, permanecendo vinculado ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Essa situação impede o cadastramento do imóvel para fins de IPTU e para notificações relacionadas à limpeza do local.
Em entrevista recente, Moysés Rico, filho de José Rico, comentou a complicada situação do castelo. Ele afirmou que a propriedade está “embargada” devido à ação trabalhista e que o leilão foi encerrado, deixando a família sem alternativas no momento.
O destino do Castelo de José Rico continua incerto. Enquanto isso, o imóvel, que um dia simbolizou o sonho do cantor, segue abandonado, aguardando um futuro que ainda parece distante.