Apresentado com a camisa 15 do Cruzeiro, o zagueiro Fabrício Bruno abriu o coração sobre a saída do Flamengo. O defensor negou que tenha tido qualquer problema com o técnico Filipe Luís e disse voltar ao Cruzeiro para pagar uma dívida com o clube que o formou.
Fabrício Bruno contou que sempre foi um jogador de se posicionar e que conversou com Filipe Luís sobre seu posicionamento, mas que buscava buscar novos ares pelo sonho de jogar na Seleção.
“Filipe Luís” é um irmão que tenho no futebol. Foi um dos melhores que me recebeu (no Flamengo). Ele sempre me admirou muito para estar no Flamengo. Foi um cara que sempre respeitei. Mas sei separar as coisas. Lado treinador e lado como pessoa. É uma ótima pessoa, excelente treinador. Mas tinha que ter essa conversa a partir do momento que não tem posicionamento de ninguém. Tive sim conversa com ele, de forma transparente e honesta. Ele falou que tinha coisas que não se encaixam no perfil, o que poderia melhorar. E tudo bem. Escolha do treinador. Nunca fui o cara de contaminar o grupo. Sempre fui um cara sincero e honesto. Melhor ser sincero e não dar letrinha” – explicou o jogador.
Fabrício disse que conversou também com Gabigol sobre a saída do Flamengo. O zagueiro disse que respeitava os companheiros de zaga no Flamengo e negou ter brigado com Filipe Luís em qualquer momento da passagem do treinador.
“Prefiro ser direto, sempre me posicionei. E tudo certo. Gabi disse que estava torcendo para acabar o contrato no Flamengo para ser amigo do Filipe de novo. Eu também. Eu respeito muito o Leo Pereira, Ortiz… a mudança (de clube) se dá por estratégia de carreira, de viver grandes coisas no clube do coração. Oportunidade de grandes títulos. Mas é um cara que tenho enorme e respeito. Muita coisa é falada, é mentira. Nunca briguei com ele, nunca tive problema nenhum com treinador. Posso ler a mensagem dele há alguns dias me desejando sorte, me disse que fui importante na Copa do Brasil. Disse para seguir a carreira. Talvez não teria essa mensagem se não tivesse uma relação boa com ele. Querem implantar ódio em cima do que não tem. Famoso caça-like. Eu precisava sair, respirar novos ares. Falei com o Filipe que precisava disso, precisava estar no radar de Seleção. Melhor momento da carreira, auge técnico, físico. Ele disse que entendia, sem problemas”.
Fabrício afirmou que não deixa o Flamengo de forma magoada. Entretanto, afirmou que precisava se posicionar pensando na carreira. O zagueiro disse que tinha um sentimento de dívida com o Cruzeiro, já que deixou o clube após o rebaixamento e em uma ruptura não amigável.
“Flamengo sempre foi especial no futebol. Tudo que vivi no Rio, fui muito feliz. Mas talvez sabendo o posicionamento que não faço parte do perfil, tem coisas em mim que não interessava, eu vou me posicionar, tenho que me posicionar. Lutei tanto para isso na minha vida. Quando tem oportunidade, tenho que ser firme. Não corri da responsabilidade. Eu que pedi para ser negociado. Não é qualquer clube que está interessando por mim. É o clube que me projetou. Tinha sentimento de dívida, de gratidão”.
“Sei como sai da época (em 2019, com o rebaixamento e acordo na Justiça). Não sou leigo”.
Fabricio foi titular do Cruzeiro em 2019. O jogador disse que participou ativamente das negociações.
“Se eu não saísse (do Cruzeiro), talvez não teria acontecido o que me tornei. Me deu uma base sólida. Mas a partir do meu momento, no momento que sentisse desconfortável, tenho que me entregar ao futebol, tenho que voltar ao radar de Seleção. Fui com a seleção com o Matheus Pereira, com o William. Talvez vão achar que corri do desafio de brigar por posição no Flamengo. Mas não é correr. Tive inúmeras ligações com o Pedrinho, Alexandre Mattos. Foi um processo doloroso para mim. Minha esposa cobrar que eu tava de férias. Estou preocupado com a minha carreira, minha esposa, meu filho de três anos, minha filha de dois meses”.
“Nunca fui covarde. Vou colocar a cara a tapa. Nos momentos de crise no Rio, estou para tomar tapa. Não vou me esconder. Prometo que não vai faltar garra vontade”.
Fabrício Bruno falou também sobre o que significa voltar ao Cruzeiro. O jogador revelou ter recebido ligações de Dudu e Gabigol em meio o acerto com o clube mineiro.
“O Cruzeiro, para mim, sempre foi especial. Conheço o clube como poucos. Chego aos 13 anos, sei muito bem o que é o clube. Chorei como menino quando perdeu a Libertadores (em 2009). O Dudu, nesse período todo, talvez falei mais com ele e o Gabi do que com minha esposa. São caras vencedores. E querem ter vencedores do lado. Dudu me ligava, falava pra vir. Falei que precisava estar com esses caras. São caras assim. Já tinha falado com o Gabi, falei que ele estava indo para um clube fantástico. Disse que seria muito bem recebido”.
O zagueiro tinha contrato com o Flamengo até o fim de 2028. As conversas com a diretoria do clube rubro-negro começaram há mais de um mês. A primeira proposta do Cruzeiro foi recusada. A diretoria da Raposa seguiu com as negociações, chegando ao acordo e pagando a quantia milionária pedida pelo Flamengo.
Formado nas categorias de base do Cruzeiro, Fabrício atuou no time profissional em 2016, disputando oito jogos e marcando um gol. Depois foi emprestado à Chapecoense por três anos e retornou ao clube mineiro em 2019, quando participou de 26 jogos, na temporada em que a Raposa foi rebaixada à Série B.
Fabrício é a nona contratação do Cruzeiro para temporada. Além dele, o clube anunciou o lateral-direito Fagner, o volante Christian, os meias Eduardo e Rodriguinho, e os atacantes Bolasie, Dudu, Gabigol e Marquinhos.
Fabrício Bruno vai reforçar o Cruzeiro na disputa a FC Series, o Torneio da Flórida, com amistosos. Na próxima quarta-feira, o time de Fernando Diniz enfrenta o São Paulo, em Orlando. No sábado, dia 18, a Raposa terá o Atlético-MG pela frente, no primeiro clássico da temporada>