A partir desta quarta-feira (6), entrou em vigor o ‘tarifaço’ de 50% sobre as exportações brasileiras, estabelecido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora o impacto tenha sido minimizado, a elevação tarifária afeta produtos importantes na balança comercial entre os dois países, como carne e café.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o estado pode ter redução de R$15,8 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) e tirar 172 mil empregos em até dez anos. Cerca de 63% das exportações mineiras devem ser afetadas, com destaque para o ferro gusa e o café.
A curto prazo, Minas pode ter redução de R$15,8 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) e registrar a eliminação de 172 mil empregos em até dez anos. O estado é o terceiro maior exportador do país para os Estados Unidos, com US$ 4,6 bilhões em exportações em 2024.
Negociações do Brasil contra o ‘tarifaço’ de Trump
Na noite anterior, terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finalizou os ajustes do plano de apoio para os setores mais afetados. Ele se reuniu no Palácio do Planalto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Rui Costa (Casa Civil).
Nos próximos dias, o governo deve anunciar ações direcionadas às áreas mais prejudicadas pelo aumento das tarifas americanas. De acordo com assessores, a principal preocupação de Lula é a preservação dos empregos.
Antes da reunião com Lula, Haddad ressaltou a importância de atenção especial para os setores que têm como destino exclusivo o mercado americano. Ele observou que as exportações para os EUA representam 12% da balança comercial brasileira, com 4% diretamente impactados pelas novas tarifas. Enquanto alguns produtos podem ser redirecionados para outros mercados, determinados segmentos enfrentam desafios maiores para se adaptar.
O vice-presidente Geraldo Alckmin já havia sinalizado, na segunda-feira (5/8), que o plano de emergência contemplará linhas de crédito e compras governamentais, destacando a necessidade de personalizar as medidas conforme as demandas das indústrias afetadas.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, também mencionou a possibilidade de extensão de prazos, períodos de carência, juros diferenciados e subsídios. Ela acrescentou que essas propostas ainda estão sendo avaliadas pelo governo: “A decisão sobre a implementação dependerá da abrangência das exceções”, afirmou.
Tebet também comentou que algumas dessas iniciativas dependem da autonomia dos bancos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil.
Apesar do avanço nas medidas emergenciais, o governo continua buscando manter um diálogo com os Estados Unidos. Haddad reafirmou que o Brasil está comprometido em permanecer nas negociações – nesta semana, ele deve participar de uma videoconferência com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. “Nunca deixamos a mesa de negociação e não pretendemos sair. Neste momento, ainda não temos um acordo”, declarou Haddad.
Além disso, o governo planeja acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), conforme indicado por Alckmin, que afirmou que cabe ao presidente Lula decidir o momento e a forma desse contato.
Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, sugeriu que o Brasil adote uma resposta estratégica abrangente. Ele defendeu que o governo considere políticas públicas de mitigação, como linhas de crédito especiais para ajudar produtores e empresas a se adaptarem e modernizarem suas operações, além de subsídios temporários para as cadeias produtivas mais impactadas.
“A diplomacia comercial deve intensificar o diálogo com parceiros como China, União Europeia, México e países do Sudeste Asiático para estabelecer novas alianças e reduzir a dependência de um único mercado. Ademais, a busca por valor agregado e inovação é fundamental para diferenciar os produtos brasileiros e torná-los menos suscetíveis a variações de preço”, concluiu.
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