Por Oliveira Lima
A dura missão do Cruzeiro à busca do título brasileiro deste ano já começa pela história: furar o domínio do eixo Rio-São Paulo. A soberania dos dois estados mais ricos da nação é gritante. Após a CBF homologar como campeões brasileiros os vencedores da Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, nos anos 60 e mais o torneio de 1937, ganho pelo Galo, são 69 edições do mais difícil certame do mundo. Os quatro times do Rio e mais quatro de São Paulo venceram simplesmente 51, num aproveitamento impressionante de 74%.
Domínio geral dos paulistas, estado mais rico da nação, é latente: ganharam 34 , totalizando quase a metade das competições. Só Palmeiras e Santos levaram 20,com Flamengo furando o bloco, com seus 7 campeonatos, empatando com o Corinthians em 3º lugar. O Cruzeiro é o 6º maior vencedor com 4 títulos, ao lado dos cariocas Vasco e Fluminense e a frente do Botafogo.
Cruzeiro ainda é o grande intruso nos pontos corridos, sendo tricampeão, um a menos que Palmeiras e Corinthians, empatado com São Paulo e Flamengo. Nãoé pouca coisa para um clube que tem 1/3 do orçamento do carioca Flamengo e a metade do orçamento do paulista Palmeiras. E um clube que estava falido à 3 anos atrás. A SAF de Ronaldo Fenômeno e depois Pedro Lourenço salvou o Cruzeiro, se transformando no melhor clube empresa do Brasil.
É esta disparidade financeira que delineia a luta pelo titulo brasileiro. Dos últimos 21 anos, Cruzeiro ganhou três nacionais e o Galo ganhou um, o resto ficou para cariocas e paulistas. E neste ano o único fora do eixo na luta pelo titulo é o Cruzeiro, um verdadeiro intruso, inesperadamente até para ele mesmo. Ninguém em sã consciência palpitaria o Cruzeiro como postulante ao titulo no começo da competição. A “Revolução Jardim”, provocada em 13 de abril diante do São Paulo no Morumbi, vem dando frutos e assustando Flamengo e Palmeiras na corrida pelo caneco. Filipe Luís e Abel Ferreira perceberam bem rápido a concorrência real do time de BH.
E a real a chance do Cruzeiro é o calendário dividido dos concorrentes, que têm a Libertadores, enquanto o Cruzeiro só tem o Brasileirão até dia 7 de dezembro. O que mais ajuda o Cruzeiro é a pressão que é menor, pois o dono e o treinador já falaram que a meta é a vaga à Copa Libertadores, enquanto que Palmeiras e Flamengo se vêm obrigados a vencerem a competição. Contra o Cruzeiro pesa o fato de já ter feito os 24 jogos, contra 22 do Palmeiras e 23 do Flamengo. Pesa também não ter um elenco poderoso dos adversários. Sendo assim, se bater campeão em dezembro entrará para o história e continuará sendo o verdadeiro intruso no eixo Rio-São Paulo.