A cotação internacional do cacau registrou alta de quase 500% nos últimos dois anos, passando de US$ 2mil para mais de US$ 12 mil por tonelada em 2024. Esse aumento, considerado mais volátil que o do bitcoin, tem pressionado os preços de produtos como chocolates e sorvetes em Minas Gerais, segundo a Federação das Indústrias do Estado (Fiemg).
De acordo com a entidade, as empresas do setor enfrentam um dilema: repassar o custo elevado ao consumidor e arriscar queda nas vendas ou absorver parte do impacto e reduzir margens de lucro. Na prática, algumas estratégias adotadas incluem a redução de gramatura, aumento de recheios e diminuição da variedade de produtos para manter preços acessíveis.
A Fiemg alerta que a instabilidade no mercado afeta toda a cadeia produtiva, incluindo produtores de cacau fino, que têm optado por vender sua produção como commodity devido à maior rentabilidade no cenário atual. O setor de sorvetes também é impactado, já que o cacau é amplamente utilizado em coberturas, recheios e bases.
Especialistas projetam que os preços elevados do cacau devem persistir por pelo menos três a quatro anos, até que novos plantios equilibrem a oferta global. Enquanto isso, a indústria busca adaptações, como a expansão de capacidade produtiva. Um exemplo é a Fralía, que inaugurará uma nova fábrica em São Gonçalo do Rio Abaixo em 2025, com capacidade três vezes maior que a atual.