O fim da era Fernando Diniz indica estar a horas, dias ou, no mais tardar, semanas de ser concretizado no Cruzeiro. Como o próprio técnico disse, a situação está no limite. Não por causa dele, mas pelo lado da torcida e do próprio clube. Ao que parece, somente uma grande reviravolta para mudar o atual cenário, que indica o término da relação entre treinador e Raposa.
Fernando Diniz recebeu cobranças da diretoria no vestiário do Mineirão. Admitiu que os resultados estão “muito ruins” e que precisa vencer. Discurso que vai contra toda a ideia do treinador, que é preciso avaliar, muito além do resultado.
Diniz disse que o limite não parte dele, que vê margem de melhora do time, mas os resultados não estão vindo em campo até o momento. Em cinco jogos na temporada, venceu apenas o Tombense, e com o time reserva. Três empates (incluindo os dois amistosos em Orlando) e perdeu um jogo. Todos com os titulares.
O espectro de análise parece curto, mas o passado pesa na avaliação do treinador. A temporada 2024 terminou com pressão e até mesmo incerteza sobre seu futuro no clube. Diniz deixou a vaga na Conmebol Libertadores escapar pelo Brasileiro e perdeu a final da Sul-Americana, sob questionamentos da escalação e do desempenho do time na decisão.
A única solução apontada pelo treinador, e pela segunda vez seguida, é que é preciso vencer para mudar a situação. É a verdade, mas não deveria ser. Para um projeto consolidado, seria preciso mais tempo para Diniz aplicar seu método com o novo elenco e ter mais jogos no trabalho. Mas o futebol brasileiro não funciona assim, todos sabem.
O Cruzeiro passou longe da vitória contra Athletic e Betim. Nos amistosos, fez por merecer o triunfo no clássico. O coro por mudanças aumentou na torcida, chegou às arquibancadas e retumba nos ouvidos dos dirigentes cruzeirenses.
Somente uma série de vitórias e uma melhora de desempenho desviarão a rota mais indicada neste momento, que é a troca do comando técnico. Os movimentos de bastidores, com a reunião no vestiário, e declarações do treinador, após a partida contra o Betim, indicam isso.
O desempenho em campo também. Mesmo com o time titular e até mudanças que agradaram nos bastidores, como a entrada de Jonathan Jesus, o Cruzeiro não rendeu em boa parte do jogo, tendo momentos de mais lucidez na segunda etapa.
A derrota ficou próxima, mas só por uma causa de substituição não planejada – Lautaro Díaz entrou em virtude da necessidade de tirar Kaio Jorge, já que a ideia era colocar Walace na vaga de Fabrício Bruno –, foi evitada com o gol do argentino. O empate garantiu sobrevida ao projeto, mas, ao que tudo indica, por pouco tempo.
Com 35% de aproveitamento no Cruzeiro, em 20 jogos, Fernando Diniz terá três dias de treinamento antes de enfrentar o Itabirito, em Belo Horizonte. Um jogo que será rodeado de pressão para o técnico e jogadores e que só um resultado impede o que parece ser inevitável, neste momento.