O Cruzeiro fez o que precisava fazer no início do Campeonato Brasileiro. Enfrentou o Mirassol, candidato ao rebaixamento, em casa, e venceu por 2 a 1. Jogo com protagonistas exercendo seus papéis e com o coletivo mostrando pontos positivos, mas também um caminho a ser percorrido para competir frente aos principais adversários.
Havia uma carga grande de cobrança – e, proporcionalmente, de expectativa – diante do longo tempo sem jogos e do início de trabalho do treinador português. Em um duelo com mais de 40 mil torcedores, não havia outro caminho que não fosse a vitória. O resultado chegou, deu respiro em meio a um início de ano conturbado, mas também apontou falhas que precisam ser corrigidas.
Naturalmente, o Cruzeiro seria protagonista da partida, por todo o contexto citado. O gol saiu cedo, antes dos 15 minutos. Não chegou a fazer pressão, acumular chances, mas controlou o jogo desde o princípio. Gabigol marcou aos 21 e deu indícios de que a partida ficaria tranquila.
O problema foi o fim do primeiro tempo, que evidenciou os problemas defensivos que a equipe tem neste momento. Quando teve a bola, o Mirassol incomodou com certa facilidade, explorando lacunas deixadas na frente da área. Cássio pegou o pênalti, mas o gol de Lucas Ramon levou um placar mais justo para os vestiários.
O segundo tempo foi de um enredo parecido: o Cruzeiro teve boas tramas ofensivas, alternando triangulações pelos lados e ligações diretas (treinadas), mas não foi confiável quando precisava combater a bola. Em um duelo de domínio alternado, a vitória chegou para quem jogou melhor, mas a diferença entre atuações poderia ter sido maior.
Leonardo Jardim teve mais um mês para conhecer o elenco e trabalhar a equipe. Claramente, montou um esquema, nas duas últimas semanas, pensando exclusivamente no Mirassol. É muito melhor, por isso colocou quatro atacantes e deu liberdade a William. Funcionou bem. O lateral foi o melhor em campo, Gabigol, Kaio e Dudu se entenderam bem. Cássio, na outra extremidade, garantiu os três pontos quando a exposta defesa foi furada.
Uma vitória importante e com assinatura dos protagonistas, o que aumenta o valor do resultado após um primeiro trimestre com fracasso coletivo em campo, que respingou no aspecto individual. Dizer que os protagonistas brilharam não é desmerecer o que foi feito em grupo. Teve avanços no time, mas os ajustes talvez passem por mudanças de peças e esquema tático.
O Cruzeiro terá escalações modificadas, diante da maratona que se iniciou neste sábado, mas parece improvável que o time da primeira rodada seja capaz de competir contra os melhores do país. Não por falta de qualidade, mas por ausência de quantidade de pessoas para marcar.
Equilibrar as duas coisas é o principal objetivo do momento. Afinal, não é tarefa simples abrir mão de um dos quatro homens de frente. Wanderson foi o único pedido do treinador e tem características únicas no elenco; Dudu e Gabigol chegaram com status e têm correspondido; e Kaio Jorge está cada dia mais alinhado com o esquema e entrosado com o camisa 9. Tarefa para Leonardo Jardim.