Por Oliveira Lima
O português Leonardo Jardim é um dos melhores treinadores da maior escola de técnicos do mundo, que é Portugal. Com 50 anos de idade, foi sempre campeão por onde passou: Sporting em Portugal, Olympiakos na Grécia, Monaco na França e também pelo Al-Rayyan no Qatar e Al Ain nos Emirados Árabes. Foi cotado para trabalhar na Alemanha, Itália e Inglaterra, mas em 2021 preferiu se independer financeiramente no mundo árabe.
Pela primeira vez deixa o “Velho Mundo” e se aporta na América, num dos times mais tradicionais do Brasil o chamado “País do Futebol”. Não veio pela questão financeira, mas sim por outros objetivos, inclusive familiares. E veio para colocar em prática um dos projetos mais difíceis da sua carreira: dar consistência à um time de futebol no Brasil, onde o que manda é o resultado imediato.
E ainda pior: dar consistência a um time que vem da pior crise institucional e esportiva jamais vista em qualquer parte do mundo. Com um torcedor fanático e endinheirado, dono do clube, Jardim herdou um elenco recheado de grandes jogadores, mas desequilibrado: tem muita gente na armação e ataque, mas pouco povoado na defesa.
No elenco geral do Cruzeiro, composto de 27 jogadores, considerado um elenco curto, a metade é da parte ofensiva. O ideal é este item ser composto por 1/3 da totalidade. Hoje o Cruzeiro tem 14 defensores e 13 ofensivos. No chamado “onze” titulares, mais quatro ou cinco que sempre entram, há uma disparidade muito grande entre os dois setores.
Além da questão numérica, há ainda a ordem de qualidade. Os bons jogadores estão do meio pra frente. Na defesa o time tem a conta do chá: Willian, Fabvricio Bruno, Jhonatam, Kaiki, tendo apenas a opção de Villalba, como opção na zava e na lateral esquerda. Desses, Jhonatam, Gamarra e Kaiki são muito jovens e só o zagueiro é bom de bola. Na direita Fagner é um bom reserva. Faltam pelo menos três bons jogadores para a reposição. Já na volância, setor impresciondível num bom time, só tem três volantes (o ideal é ter mais dois): Lucas Romero, Lucas Silva e Walllace, este ainda não mostrou nada. Japa está machucado. Em suma o setor defensivo tem carência de 5 jogadores, sendo 3 para a defesa 2 para a volância.
Se falta gente para defender, tem gente demais para armar e atacar. São 13 ao todo: 6 meias e 7 atacantes. Mateus Henrique(hoje lesionado), Eduardo e Mateus Pereira são os principais meias, que tem ainda mais três opções: Cristian, Rodriguinho e Marquinhos. Somente dois dos seis podem jogar. E lá na frente, com dois ou três vagas, tem 7 concorrentes: Dudu, Gabigol, Kaio Jorge são os principais, com várias outras opções: Wanderson, Lautaro, Dineno e Bolasie. No caso de duas vagas então, 5 sobrarão.
É mesmo um elenco desequilibrado, faltam 5 defensores e sobram 5 ofensivos. A janela nacional fechou no último dia 11 deste mês de abril e a próxima somente no meio do ano. Até lá Leonardo Jardim terá a missão de equilibrar o time em três competições que não admitem erros: os mata-matas da Sul-Americana(onde já errou e é obrigado a vencer todos seus jogos restantes) e Copa do Brasil e os pontos corridos do Brasileirão. Em suma para Jardim: tem muito tempero e pouco ingrediente básico.