Por Oliveira Lima
40 é um número emblemático! Em 40 dias a terra se encheu de água, no dilúvio de Noé. Em 40 dias Jesus Cristo esteve no deserto, sendo tentado e jejuando. Eles sobreviveram e se tornaram mais fortes. E como o futebol é uma imitação da vida, ou pelo menos uma inspiração dela, 40 são os dias que o técnico Leonardo Jardim, comandante do Cruzeiro, tem para preparar o time para o que mais importa no calendário de 2025, que são Brasileirão, Copa do Brasil e Copa Sul-americana.
No caos que tem sido o Cruzeiro, assim como foi o dilúvio e a tentação de Cristo, nada melhor acreditar que ” o tempo é o senhor da razão”. Pedro Lourenço montou um elenco baseado em jogadores estrelados( e que na verdade são ótimos ), mas na execução, atropelou a organização, beirando à insanidade. Não se monta um time de um dia para a noite. Cruzeiro de Fernando Seabra estava azeitado e com ótimos resultados, ainda sob o comando de Ronaldo Fenômeno. Pedrinho compra uma leva de jogadores famosos, liderados pelo goleiro Cássio, e enfia na garganta abaixo do seu treinador. O time piorou e Seabra foi crucificado.
Trouxe um técnico campeão da Libertadores, mas em baixa. Fernando Diniz acabara de afundar o Fluminense e a Seleção Brasileira. Como resultado, Cruzeiro não consegue nem sequer uma “Pré-libertadores” e antes perdera a final da Copa Sul-Americana. Chega janeiro, Pedrinho traz mais estrelas, capitaneadas por Gabigol. Vira um time estrelado, midiático e milionário. Não dá certo e Pedrinho fica com um número absurdo: três treinadores em 10 jogos. Cinco com Diniz, quatro com o interino Wesley e agora estreando o português Leonardo Jardim.
Ótimo treinador e um elenco espetacular! Mas isto não basta. O Cruzeiro não tem um time e sim “um monte de jogadores”, com alto nível técnico. Tem ainda que virar um time de futebol. E é sempre preciso de tempo para tal. Com uma pré-temporada invadida pelo calendário, apenas uma semana de um mês, time com 9 jogos no período de preparação para todo o ano, o tempo caiu do céu para Leonardo Jardim e o Cruzeiro.
Graças à um campeonato estadual mais curto do futebol nacional e o Cruzeiro já figurar entre os ranqueados da Copa do Brasil, é propiciado ao técnico português, o que mais precisava: tempo para treinar, descansar e implementar suas ideias de jogo no elenco. Do começo desta semana até o dia 29 de março, quando começa o Brasileirão, são exatamente 40 dias. Neste período o Cruzeiro fará 3 jogos, se passar do América na Semifinal deste sábado. Se for eliminado, terá feito apenas um jogo. Sendo 3 ou 1, é tudo que Jardim precisa: tempo para treinar e formatar minimamente o Cruzeiro para o ano de 2025, pois não se faz um time de futebol da noite pro dia. O dilúvio para Noé e a tentação à Cristo duraram 40 dias e “eles” saíram vitoriosos.