Por Oliveira Lima
O futebol brasileiro ainda é o mais fascinante e charmoso do planeta. Ainda chama muito à atenção de quem é de fora do País, principalmente de uma classe muito especial: os treinadores de futebol, chamados aqui de “técnicos”. Todos eles, exemplo maior Pep Guardiola, são verdadeiramente apaixonados pelo futebol pentacampeão do mundo. Até mesmo o marrento José Mourinho, o maior dos portugueses, já se declarou.
E o último a se dizer encantado é Leonardo Jardim, português técnico do Cruzeiro. Está no clube mineiro desde o princípio de fevereiro, portanto há sete meses e provocou com apenas dois meses no comando azul, a chamada “revolução Jardim”, quando barra medalhões em prol de um time que prioriza o coletivo. Chega num Cruzeiro estrelado fadado a dar errado e em poucos dias encanta o Brasil, com um futebol vistoso e objetivo, colocando rapidamente toda a sua filosofia de trabalho. De um time que na verdade não brigaria para nada a não ser a permanência na Serie A do Brasileirão, numa sensação da competição.
Os números de Jardim à frente do Cruzeiro são impressionantes: Onze jogos de invencibilidade no Brasileirão, a maior dentre todas as séries do Brasileirão deste ano. Dezesseis jogos de invencibilidade geral(com todas as competições) sendo a maior do País. Oito jogos sem perder como mandantes, outra maior de todas as séries. E tudo isso com um elenco bem reduzido, que hoje tem apenas dois jogadores do mesmo nível dos titulares, pois Fagner está machucado e Mateus Henrique está voltando de uma grave lesão. Apenas Gabigol e Eduardo podem fazer diferença no banco.
Este o lado bonito da história. E o preço a pagar são as mazelas eternas do futebol brasileiro. O pior calendário do mundo, pois o país é continental, a pior arbitragem do planeta, que ainda é amadora e o torcedor mais insano que existe, capaz de invadir CTs e até jogar bomba na sede do clube, como aconteceu neste final de semana com o Palmeiras. Para o torcedor time tem que ganhar sempre, não importa como. Isto vai contra a lei da vida(que dirá do esporte) em que você não ganha sempre e nem perde sempre.
Leonardo Jardim já disse mais de uma vez que esses poucos meses de Cruzeiro e Brasil, parecem cinco anos, numa alusão ao turbilhão de loucuras que virou nosso futebol. Reclama sempre da lei máxima: ganhou é o melhor, perdeu é o pior. Reclama mais ainda das viagens longas e do tempo inexistente para descansar e treinar. Reclama (e com razão) da arbitragem, amadora e sem critério, prejudicando e beneficiando os times à cada rodada. Nem mesmo o encanto que fez Jardim vir ao Brasil consegue superar todas as mazelas que consomem o futebol brasileiro. Já deixou bem claro que não ficará muito tempo aqui e que o Cruzeiro será seu único time. Seu contrato termina em dezembro do ano que vem, que para ele será uma eternidade.