Por Oliveira Lima
O calendário do futebol brasileiro é completamente arcaico. E diante da atualidade europeia, beira ao inacreditável. Guardiola sempre achou um absurdo a existência dos Campeonatos Estaduais dos moldes atuais e Klopp expressou sua indignação usando a expressão “vocês estão loucos”. Ambos estão certos, pois é mesmo um absurdo e uma loucura o acontece por aqui. A conta é simples: Brasileirão do ano passado terminou em 10 de dezembro, no dia seguinte férias para os jogadores, durando até 9 de janeiro pela Lei. Férias são para os jogadores esquecer futebol, aproveitar a família, passear bastante, comer e beber à vontade, dormir na hora que quiser, enfim , descansar o corpo. Corpo aliás que “entra” fora de forma física. Tudo isso são férias.
A conta é simples: Depois de um mês do descanso merecido, vem o período, também de 30 dias, para a pré-temporada. Treinamento físico, aliado ao tático e técnico, além da ambientação com os novos companheiros, pois os elencos geralmente se modificam em até 40% É aqui o cerne do problemão, que os dirigentes brasileiros não querem consertar, por causa dos seus interesses pessoais e políticos. Os campeonatos estaduais começaram neste ano no dia 21 de janeiro, apenas 12 dias após o término das férias, tomando 18 dias da pré-temporada, tão essencial para o andamento dos times durante o ano.
Esses estaduais não interessam a nenhum time chamado grande. Interessam somente aos cartolas dirigentes. E nem mesmo para montarem elencos, os estaduais servem, pois esses times grandes são obrigados a ganharem, para evitar crises que destroem talvez toda a temporada. Ainda desarrumados sob todos os aspectos, eles muitas vezes se sucumbem aos pequenos, já estão prontos desde novembro do ano anterior, mesmo com jogadores menos qualificados. E ainda o fato de perder um campeonato que nada vale para um rival doméstico, gerando crise para a continuidade do ano.
E a conta segue simples: Esses estaduais terminam no dia 7 de abril e uma semana depois começam o Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores e Copa Sul-Americana, competições que importam de verdade. E como um time grande entra nelas em crise ou maquiado por uma conquista estadual enganosa? Só pegando exemplo os grandes centros: Botafogo fora das semifinais no Rio de Janeiro já entra arrebentado no Brasileirão e sequência da Liberta. Vasco, em desvantagem nas semifinais no mesmo caminho. Em São Paulo olhem o tamanho do pepino do Corinthians, que nem sequer chegou às quartas. Sem falar na crise que Minas e Rio Grande do Sul joga pra cima de quem perder as finais, pois são estados com apenas dois times brigando pelo caneco.
A conta é simples: no final do ano, poucos torcedores lembrarão que seu time foi campeão estadual.
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