Morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, ‘Pepe Mujica’, ex-presidente do Uruguai e ícone global por seu estilo de vida simples e políticas progressistas. O político faleceu após uma longa batalha contra um câncer no esôfago. A morte foi confirmada pelo presidente Yamandú Orsi, que o definiu como “referência, líder e exemplo de amor ao povo”.
José Alberto Mujica Cordano governou o Uruguai entre 2010 e 2015, período em que ampliou gastos sociais, elevou o salário mínimo em 250% e liderou a legalização da maconha no país. Sua gestão foi marcada por políticas de inclusão e combate à desigualdade, alinhadas a um discurso crítico ao consumismo. Antes da presidência, teve uma vida marcada pela resistência: integrante da guerrilha Tupamaros nos anos 1960, foi preso durante a ditadura militar (1973-1985) e passou 14 anos encarcerado. Após a redemocratização, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP) e tornou-se uma das vozes mais respeitadas da esquerda latino-americana.
Conhecido como “el presidente más pobre”, Mujica renunciou a 90% de seu salário presidencial, doando-o para programas sociais. Morava em uma chácara humilde nos arredores de Montevidéu e dirigia um Fusca 1987 até o palácio governamental. Sua simplicidade e frases filosóficas, como “Não sou pobre, sou sobrio”, conquistaram admiração internacional.
Em 2024, Mujica revelou estar com um tumor no esôfago e que o câncer havia se espalhado. Desde janeiro, enfrentava cuidados paliativos. Sua esposa, Lucía Topolansky — ex-vice-presidente e companheira de militância —, acompanhou-o até os últimos momentos.
Mujica deixa um legado como defensor da justiça social, da legalização das drogas e da crítica ao sistema econômico global. Sua morte mobilizou homenagens no Uruguai e no mundo. O presidente Lula destacou que Mujica “ensinou que a política pode ser feita com humanidade”, enquanto o Papa Francisco lembrou sua luta “pela dignidade dos mais pobres”. Será velado no Palácio Legislativo de Montevidéu, com honras de chefe de Estado.