O Cruzeiro tem uma reação consolidada na temporada. A vitória por 2 a 1 sobre o Flamengo mostra isso. Não só pelo resultado diante do time considerado como o “bicho papão” do futebol nacional, mas principalmente pelo nível de atuação que levou aos três pontos.
O time chegou para a partida desse domingo com a primeira sequência de vitórias sob comando de Leonardo Jardim e vivendo o melhor momento coletivo de 2025. Mas, pela frente, também tinha o maior desafio do ano. E foi superado com méritos.
A escalação deixou claro qual é o time considerado ideal por Leonardo Jardim. Uma estrutura que tem participação fundamental no momento de reação e que deixa pouquíssimas – ou nenhuma – brechas para questionamento. O campo mostrou exatamente isso.
O Cruzeiro jogou de peito aberto. Marcou alto, incomodou a saída de bola e tirou o conforto do setor que torna o Flamengo tão dominante: o meio-campo. Ajustado, o time de Leonardo Jardim foi premiado por essa postura. Lucas Romero roubou no meio, e Kaio Jorge foi fatal para abrir o placar ainda cedo, aos 14 minutos.
O jogo não tinha domínio completo cruzeirense. Ao contrário, era aberto, de “trocação”. Cássio foi decisivo por duas vezes, e Kaio Jorge carimbou o travessão. Em raro descuido do Cruzeiro na proteção da área, Arrascaeta empatou praticamente no apagar das luzes do primeiro tempo. Ducha de água fria e preocupação sobre o segundo tempo, principalmente pelo aspecto físico e o nível de reposição do Flamengo.
Mas a resposta foi positiva, e o Cruzeiro voltou melhor para o segundo tempo. Seguiu vertical e foi dominante nas ações ofensivas. Pecou no último passe em alguns lances, mas ainda fez Rossi trabalhar em quatro chutes perigosos. Do outro lado, Cássio só sujou o uniforme nos acréscimos, em bola aérea aproveitada por Bruno Henrique.
O gol no último lance, do predestinado Gabigol, chegou para confirmar um resultado merecido. O Cruzeiro, que chegou ao jogo como azarão, terminou com 17 finalizações, quase o triplo das seis adversárias. Defensivamente, fez mais que o dobro de desarmes (23 a 11) e soube picotar o jogo do Flamengo com faltas táticas. Demonstrou que é um time ajustado e que aumentou o apetite em busca de ter novamente a bola nos pés.
O nível de atuação do Cruzeiro, por si, já seria uma resposta importante de que a reação, de fato, está instaurada. Mas, aliar desempenho a resultado diante de um rival do poder do Flamengo, aumenta o valor do que está sendo construído com Leonardo Jardim. Pontos para o treinador, que tem conseguido subir também o nível individual de praticamente todos do elenco.
É um projeto ainda em construção, que ainda paga por erros de planejamento no início do ano e tem um técnico com só três meses no cargo. É preciso calma.
O Cruzeiro ainda necessita de muitos ajustes, sobretudo no que diz respeito ao equilíbrio do elenco. Precisa de peças com características que tornem capaz a manutenção do nível de intensidade diante da maratona de jogos, por exemplo. Mas, sem dúvida, o time tem dado respostas imponentes nas últimas semanas. Em campo, passando por cima dos problemas de bastidores.
O clube ainda não tem o nível do próprio Flamengo e nem do Palmeiras, mas já se mostra em condições de brigar com os demais, com potencial para se colocar, no mínimo, em uma segunda prateleira de times. Seja para brigar por objetivos importantes no Brasileiro ou para sonhar com a Copa do Brasil. Na Sul-Americana, o caminho ainda é possível, mas menos provável. Uma vitória para não deixar dúvidas que, ainda que com grande atraso, o Cruzeiro chegou para a temporada.