Minas Gerais registrou o maior número de internações no Brasil em 2024 devido a doenças associadas à ausência de saneamento básico, totalizando 47.612 casos. O levantamento, realizado pelo Instituto Trata Brasil, aponta que mais de 344 mil pessoas foram hospitalizadas no país por esse motivo.
As enfermidades transmitidas por insetos vetores, especialmente a dengue, foram as principais responsáveis pelo alto índice de internações no estado, representando cerca de 75% dos casos, com 35.590 hospitalizações. A taxa de internações em Minas foi de 22,3 para cada 10 mil habitantes, superando a média nacional de 16,2 e a do Sudeste, que ficou em 13,1.
Outras doenças associadas à falta de saneamento também tiveram impacto significativo: as de transmissão oral-fecal registraram 11.073 internações, enquanto as relacionadas à falta de higiene somaram 806 casos. Além disso, houve 100 hospitalizações por contato com a água contaminada e 43 por parasitas intestinais.
O estudo revela que, entre 2008 e 2024, o número de internações por doenças transmitidas por insetos em Minas cresceu, em média, 15,5% ao ano, impulsionado principalmente pela dengue. Em contrapartida, as hospitalizações por doenças de transmissão feco-oral tiveram queda de 5,5% ao ano no mesmo período. No cenário nacional, o aumento das internações por doenças transmitidas por insetos foi de 4,3%, enquanto os casos por transmissão feco-oral caíram 6,8%, mostrando um desempenho pior de Minas Gerais em comparação ao restante do país.
Além das internações, Minas também apresentou um dos maiores números de mortes relacionadas à precariedade no saneamento básico, ficando atrás apenas de São Paulo. Em 2024, o estado registrou 1.778 óbitos, sendo 1.174 causados por doenças transmitidas por vetores, 537 por transmissão oral-fecal, 60 por contato com a água e sete por parasitas intestinais.
O relatório destaca que, embora o estado tenha avançado na redução de doenças associadas à falta de água tratada e coleta de esgoto, como diarreia e hepatite A, houve um aumento expressivo de enfermidades causadas por vetores, que estão ligadas ao descarte inadequado de lixo e à drenagem urbana. A Zona da Mata e o Norte de Minas foram apontados como as regiões mais afetadas, com altos índices de internações e óbitos relacionados à precariedade sanitária.
A pesquisa indica a necessidade de aprimoramento na gestão do saneamento, especialmente no controle de resíduos sólidos e no manejo das águas pluviais, para evitar o crescimento desses indicadores nos próximos anos.