O Cruzeiro viveu tempos distintos no Maracanã e foi derrotado pelo Fluminense, por 1 a 0, mantendo jejum com o técnico Fernando Diniz. Comandou o primeiro tempo de jogo, mas foi incompetente para construir o placar. No segundo, viu o rival ser fatal na área e controlar o restante da partida.
A base da equipe foi mantida para jogar no Maracanã, apenas com o retorno de Matheus Pereira, poupado diante do Vasco. E o camisa 10 fez diferença na qualidade de um jogo ofensivo que deu boas amostras na primeira etapa.
O Cruzeiro, ainda se modelando ao estilo de Fernando Diniz, sofreu sustos na saída de bola, principalmente por erros individuais, fosse na execução de jogadas (como em dois erros de Zé Ivaldo) ou na tomada de decisão (com Villalba conduzindo a bola pelo meio da área). Mas, quando conseguia furar a marcação dos atacantes do Fluminense, produzia subidas perigosas.
Foi possível ver evolução do Cruzeiro no que diz respeito às movimentações no campo ofensivo. Matheus Pereira, mais uma vez com muita liberdade, conseguiu se conectar de forma natural aos homens de frente, tanto para tabelas, quanto em lançamentos para projeções de Lautaro Díaz, Gabriel Veron e Kaio Jorge.
E a aproximação do quarteto, principalmente dos três atacantes, possibilitou as chances que o Cruzeiro teve para até encaminhar o resultado na primeira etapa. Lautaro parou em Fábio, após lançamento de Pereira, e Kaio Jorge perdeu, sem goleiro, uma sobra gerada de jogada ente Lautaro e Veron.
Nos minutos finais, também em jogadas bem produzidas, mas com finalizações menos claras, Matheus Henrique perdeu oportunidade dentro da área, e Kaio chutou fraco uma bola que poderia ter encontrado Lautaro na cara de Fábio. A isso juntam-se pelo menos duas ou três escapadas que não geraram arremates por falha no passe final. Mas, as boas movimentações estavam ali. E é o que tem para tirar de positivo do jogo.
O segundo tempo começou com a primeira grande chance em favor do Cruzeiro, com belo passe de Veron e finalização de Kaio Jorge para fora. A oportunidade, aos três minutos, marcou o fim do domínio amplo do time celeste no Maracanã.
O Fluminense marcou aos oito, na primeira vez que chegou verdadeiramente cara a cara com Cássio. O Cruzeiro estava com a defesa bem montada nos primeiros metros da área, mas Gabriel Veron falhou ao não acompanhar a infiltração de Arias. O colombiano teve a competência que faltou aos atacantes celestes no primeiro tempo e não deu chances a Cássio.
O lance mudou de vez a partida. O Fluminense não conseguiu o volume de chances que o Cruzeiro teve no primeiro tempo, por exemplo, mas controlou as ações e levou a partida como quis, minando o time celeste com faltas e valorizando a posse. Levou perigo em dois arremates de Kauã Elias e em um de Serna.
O Cruzeiro, por outro, parou de conseguir as aproximações que fizeram diferença na primeira etapa. É verdade que o time já estava modificado pela substituições, mas antes delas não mantinha o mesmo nível. A única chance real de empatar foi aos 34, mas Matheus Henrique parou em milagre de Fábio. O abafa dos minutos finais – que foi apenas territorial – não incomodou.
Fernando Diniz chegou ao Cruzeiro em um momento de sequência de jogos, por isso também fez o planejamento de manter a base de jogadores utilizada por Seabra. E foi exatamente o que aconteceu nos três jogos realizados no intervalo de dez dias e com poucas sessões de treinos.
A produção ofensiva que havia perdido força na reta final de trabalho com Seabra foi vista em maior escala diante do Fluminense. O primeiro tempo do Maracanã representou os melhores minutos desse novo trabalho, que ainda precisará de ajustes em todos os setores do campo, mas com grande necessidade de resultados.
Afinal, nos 12 dias finais de outubro, Diniz terá duelos que podem significar a permanência ou o fim da busca pelo objetivo principal do ano: estar na Libertadores de 2025. Pelo Brasileirão, pega o Bahia, adversário direto na luta pelo G-6; na Sul-Americana, terá os confrontos decisivos diante do Lanús, nas semifinais. Assumir trabalho com temporada em andamento é sinônimo de pressão por vitórias imediatas.
Por Guilherme Macedo.